segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Instantes de Estantes #1

Hoje inicio uma nova rubrica onde falo de livros que tenho lido nos últimos tempos, mas que por diversos motivos, decidi não fazer texto de opinião no blog.



"Bica Escaldada" Alice Vieira (Casa Das Letras) - Os livros de Alice Vieira já fazem parte da infância de várias gerações, a começar pela minha. Em petiz li títulos como "Graças e Desgraças Na Corte de El-Rei Tadinho", "O Chocolate À Chuva" e "Águas De Verão". Por isso, foi com curiosidade de ler algo não tão infantil da autora que eu decidi provar esta "Bica Escaldada", um livro de várias crónicas autobiográficas, originalmente publicado em 2004.



"Paixão Sublime" Lisa Kleypas (5 Sentidos) - 3.º volume da tetralogia "Á Flor Da Pele". Depois de ter lido o segundo volume, "Sedução Intensa", fiquei com imensa curiosidade de ler o livro seguinte que junta a mais tímida e mal-amada das quatro amigas encalhadas e o visconde libertino que foi a modos que o vilão do livro anterior. E não me desiludi de todo.



"À Procura de Mim" Ana Paula Paixão (Chiado Editora) - O novo livro da parceria com a Chiado Editora. Por aversão às convenções da sociedade e por causa de um acontecimento traumático do passado, Sofia foge de qualquer tipo de ligação amorosa. Mas quando conhece Eduardo, este desperta-a para um mundo de sensações que libertam em si desejos que ela julgava enterrados para sempre. No entanto, existe alguém que secretamente deseja destruí-la...



"Cretino Irresistível" Christina Lauren (Marcador) - Chloe Mills é uma ambiciosa jovem que estagia numa importante empresa e que pretende vingar nesse mundo. O problema é que o seu patrão, Bennett Miller, dá-lhe cabo dos nervos. E o pior é que quando os dois não estão com vontade de bater um no outro, estão com vontade de arrancar a roupa um ao outro. Muito sexo e muito humor.  



"A Herança Da Vergonha" Nora Roberts (Saída de Emergência) - Já há vários anos que eu tinha lido "A Herança Do Gelo" e já há muito que se impunha que eu lesse um dos outros volumes da trilogia. Neste tomo final, após a morte da mãe e da descoberta do seu verdadeiro pai, Shannon Bodine parte para a Irlanda em busca das suas raízes recém-descobertas. Aos poucos vai-se deixando conquistar pelas suas meias-irmãs, Maggie e Brianna Concannon, e pelos maridos destas, Rogan Sweeney e Grayson Thane. Isto para não falar num romance com o encantador vizinho Murphy Muldoon. Mas será que essas mudanças poderão desviá-la do rumo que Shannon sempre traçou e tomou como certo para a sua vida? É sempre bom voltar a ler Nora Roberts e foi com prazer que matei saudades das personagens de "A Herança Do Gelo".


terça-feira, 17 de novembro de 2015

"Lágrima" André Pereira


Título: Lágrima
Autor: André Pereira
Editora: Chiado Editora

Esta é a minha resenha que resulta da parceria deste blogue com a Chiado Editora, que me amavelmente cederam-me um exemplar deste livro. Pelo que pude apurar, é o segundo livro de André Pereira, um escritor natural de Leiria, que em 2014 publicara "Pequenas Estórias de Muitas Vidas", que como o nome indica, é uma colecção de pequenas histórias, pelo que "Lágrima" é o seu primeiro romance.

Não sabia o que esperar deste livro, a sinopse era interessante mas não revelava muito, mas a verdade é que gostei bastante.

A história de "Lágrima" é bastante simples: numa aldeia pequena como tantas espalhadas por esse Portugal fora, Tomás falece após ter vivido doze anos penosos, marcados pela sua debilidade física e mental, pelo desprezo e indiferença dos outros e pela deterioração do outrora apaixonado casamento dos seus pais. Após a sua morte, os pais, Clara e Afonso reagem de maneiras diferentes: como esperado, Clara, a mãe, chora e cai numa espiral de sofrimento, depressão e descrença; já o pai, Afonso, para surpresa de todos, incluindo ele próprio, começa a rir durante o enterro do filho. Transtornado por sentir essa bizarra felicidade quando deveria - e queria - sentir a tristeza de perder um filho, e repudiado por todos na aldeia devido a essa reacção, Afonso deixa tudo em busca da tristeza que não sente. Tanto o caminho de Clara de regresso à vida, como de Afonso em busca de redenção, será duro e tortuoso e só terminará quando, de uma maneira inesperada, os caminhos de ambos voltarem a se cruzar.

Apesar da escrita e a estrutura não serem as mais convencionais, a verdade é que "Lágrima" foi uma leitura bastante fluída, com um ritmo consistente e sem passagens supérfluas. Cada frase, por mais inesperada que seja, tem a sua razão de ser no livro e uma razão para ter aquela construção. 

Mas o principal mérito de "Lágrima" é conseguir, na simplicidade da sua história, capturar todo um microcosmos como tantos que existem pelo país fora: as suas paixões, as suas raivas, os velhos rancores, as discriminações, os julgamentos pelas aparências e pelo superficial, a velha preocupação sobre aquilo que os outros vão pensar, a condenação dos vícios públicos, a vista grossa ao vícios privados e as mentalidade que só muito lentamente vão evoluindo. Tem graça como a história tanto parece passar há umas décadas atrás como não custaria muito a crer se tivesse lugar na actualidade.   

Gostei muito de descobrir este livro e espero vir a ler mais coisas do seu autor. 

terça-feira, 3 de novembro de 2015

"Doces Aromas" Agnès Desarthe


Título: Doces Aromas
Autora: Agnès Desarthe
Editora: ASA

Descobri este livro por acaso numa promoção do Continente que tinha alguns livros a cinco euros. Por algum motivo, dentro das pilhas, este foi aquele que mais me chamou a atenção. Trata-se de um livro da francesa Agnès Desarthe, originalmente publicado em 2006 com o título "Mangez-moi".

Depois de ter trabalhado alguns anos como cozinheira num circo, Myriam decide abrir um pequeno restaurante num bairro típico de Paris. O restaurante chama-se "Chez Moi", porque é literalmente a casa dela, já que ela também dorme e toma banho lá. Mesmo sem saber nada sobre o que significa ter um negócio e confiando apenas no seu talento para cozinhar, o restaurante de Myriam vai aos poucos conhecendo o sucesso e com isso, algumas pessoas acabam por entrar na vida dela: Vincent, o sisudo florista, Ben, o jovem órfão que se oferece para a ajudar no restaurante, Hannah e Simone, duas estudantes de filosofia. Ao mesmo tempo, Myriam vai desvendando ao leitor as dolorosas memórias do passado: a constante tensão na relação com o marido, a complicada ligação afectiva com o filho e alguém que lança um armadilha que a levou a cometer um erro que a afastou da família e que levará muito tempo a expiar. Porém, através dos pratos que confecciona no restaurante, dos novos amigos que faz e o renascer de uma amizade antiga que se transforma em algo mais, Myriam conseguirá traçar o seu rumo até à redenção.

No geral, esta foi uma leitura simpática. Achei que por vezes, a narrativa (escrita na primeira pessoa na perspectiva de Myriam) tornava-se demasiado floreada e se calhar teria sido mais eficaz se fosse um bocadinho mais fluída e direita ao assunto. Também algumas das ligações da Myriam com outras personagens pareceram-me algo forçadas e careceram de alguma profundidade. Outro factor algo decepcionante foi que à medida que avança, a parte culinária da história vai sendo menos presente, a não ser numa das cenas finais. Ao princípio, Myriam narra extensivamente o que está a cozinhar mas depois só a espaços é que faz isso.

No entanto, gostei bastante da Myriam, da sua vulnerabilidade, da sua sinceridade e até dos seus defeitos. Consegui compreender como se deixou arrastar para o grave erro que imprudentemente cometeu, as suas hesitações e desconfianças para com as novas pessoas que entram na sua vida devido ao restaurante, a sua dicotomia entre o conforto da solidão e a necessidade de se dar aos outros, e só por isso, valeu a pena descobrir este livro.
    

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

"Rendida" Sylvia Day


Título: Rendida
Autora: Sylvia Day
Editora: 5 Sentidos (Porto Editora)

Se devido ao sucesso de "50 Sombras de Grey", E.L. James foi promovida, algo simplisticamente, a nome principal do género de romance erótico, Sylvia Day é uma das autoras mais cotadas do género. A série Crossfire, inicialmente um trilogia, entretanto oportunistamente esticada para cinco volumes, tem sido comparada à trilogia de E.L. James (a quem Day agradece neste livro). Mas apesar das semelhanças como um protagonista masculino hipersensual, podre de rico, supercontrolador e com vários traumas, creio que são histórias diferentes. 

Neste primeiro volume, Eva Trammell é uma jovem de 24 anos que se muda de San Diego para Nova Iorque para conquistar a sua independência e fugir ao excessivo controlo da sua mãe e do seu padrasto, relacionado com um terrível acontecimento do passado. Assim que conhece Gideon Cross, o dono de um império bilionário que inclui o prédio onde fica a empresa onde Eva trabalha, nasce uma violenta atracção mútua que não tardam em explorar. Mas quando a relação fica mais séria, Eva e Gideon têm de lutar contra os fantasmas de ambos, do passado, do presente e do futuro, o que inclui os estranhos comportamentos nocturnos de Gideon. Além disso, Eva vê-se a braços com as atitudes voláteis de Cary, seu melhor amigo e colega de apartamento.

Embora tenha mantido o meu interesse na história ao longo do livro, por vezes achei que ela entrava muitas vezes em ritmo "pára-arranca", agora quero afastar-me, agora quero ficar. Eva passa a vida a dizer que não quer fugir dos problemas, mas essa é a sua reacção mais frequente. E tal como Grey, Gideon consegue ter os momentos creepy. Também achei que era algo escusado haver tanto sexo, algumas cenas dessas pareciam que só arrastavam a história. E devo dizer que mesmo sem abordar o sado-masoquismo, a carga erótica faz a de "50 Sombras de Grey" parecer algo moderada.

Dito isto, nota-se que a escrita de Sylvia Day é sólida, coesa e depurada, não se perdendo em descrições exageradas nem em reflexões desnecessárias. E mesmo não apreciando as personagens, consegui compreender as suas atitudes, mesmo as mais frustrantes, e as suas dúvidas. Também achei que houve uma boa medição da revelação dos mistérios, sempre na altura certa, não revelando tudo na recta final e deixando a curiosidade para o livro seguinte.       

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

"A Caminhar Para O Desastre" Jamie McGuire


Título: A Caminhar Para O Desastre
Autora: Jamie McGuire
Editora: Planeta

"A Caminhar Para O Desastre" é o segundo livro de uma dualogia da autora Jamie McGuire, cujo primeiro livro é "Um Desastre Maravilhoso" mas não se trata de uma continuação, mas sim a mesma história agora pelo ponto de vista do protagonista masculino. (Existe também uma novela, outra sobre o casal secundária e ainda uma nova série sobre os quatro irmãos do protagonista, sendo que três já foram publicados nos Estados Unidos). 

Travis Maddox é o bad boy de um campus universitário: temido por eles, desejado por elas, fora das aulas divide o seu tempo entre lutas clandestinas e conquistas de uma noite. Mas quando conhece a tímida e discreta Abby Abernathy, Travis dá consigo a sentir emoções que nunca sentiu antes. Abby também não é de todo indiferente a ele, mas conhecendo bem a sua reputação, faz tudo para distanciar-se de Travis. Até que lhe propõe uma aposta: se ele ficar um mês sem ter sexo, ela aceitará viver no apartamento dele durante um mês.
Durante esse período, a paixão entre Abby e Travis torna-se inegável, mas por entre os passos em falso dele e as indecisões dela, a relação é bastante volátil. Além disso, Abby guarda um segredo que a fez escapar da sua terra natal.   

Travis Maddox não é de todo um protagonista que gera muita empatia. É bronco, obcecado, farta-se de fazer asneira e tem atitudes de troglodita para baixo. (E sim, ele chamar a Abby de "pombinha" é super foleiro!) No entanto, mesmo não aprovando, de certo modo consegui entender as suas atitudes, bem como a sua confusão dos seus sentimentos e a constante inquietação de fazer algo que ela ache censurável. Aliás, talvez por não ter ainda lido o outro livro, foi a Abby que me irritou mais com as suas mudanças repentinas, "agora quero, agora não quero", não recuando perante algumas situações mais óbvias e recuando por causa de outras menos evidentes. Também achei o final muito apressado e estranhei a tragédia final ter sido tratada com alguma leveza.

Mas tirando isso, mesmo não adorando, foi uma leitura divertida e fiquei com curiosidade para ler o livro do ponto de vista da Abby. Gostei também de outras personagens como o casal amigo deles, America e Shepley, do pai e dos irmãos de Travis. O epílogo, que não está incluído no outro livro, mesmo com muitos clichés até está giro. Mesmo com as falhas apontadas, a escrita da autora é suficientemente eficiente para manter o leitor interessado na história.       

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

"Um Momento Meu" Paulo Caiado



Título: Um Momento Meu
Autor: Paulo Caiado
Editora: Marcador

Hoje abordamos o livro de um autor português.

O protagonista de "Um Momento Meu" de Paulo Caiado é Lucas, um homem na casa dos quarenta que após anos de felicidade familiar, vê o seu casamento com Diana chegar a um impasse. Ele acha que muitos dos seus sonhos estão ainda por cumprir e que está preso a uma rotina estagnada. Não que tenha deixado de amar Diana, pelo contrário, mas esta não parece ver as coisas da mesma maneira e reage mal quando Lucas revela o que sente. As discussões tornam-se habituais ao ponto de Lucas sair de casa. 
Apesar da aparente liberdade para agora fazer tudo o que quiser, Lucas só encontra porém solidão, até porque tudo o que sonhava fazer era ao lado da esposa. No meio dessa encruzilhada pessoal, Lucas encontra conforto na convivências com os amigos de sempre, com os quais viveu as emoções da juventude nos anos 80: Marcos, o eterno adolescente que se envolve com mulheres mais novas até que uma delas, Catarina, desperta sentimentos que ele julgava incapaz de sentir; Mateus, introvertido e algo taciturno, vive uma estranha mas intensa relação virtual nas redes sociais; e João, o mais objectivo e ponderado dos quatro, descobre uma nova oportunidade para o amor com Cristina, uma rapariga com um antigo trabalho controverso. O círculo de amigos é ainda composto por três mulheres da mesma geração: Joana, Luísa e Vanda, que oferecem e defendem o ponto de vista feminino nas conversas do grupo. Ao longo de um Verão vivido em conjunto, estes amigos discutem as memórias do passado, as incertezas do futuro, o amor, o sexo, a fragilidade das relações, os sonhos perdidos e os que estão ainda por cumprir. Mas só quando uma tragédia acontece é Lucas e os amigos saberão quais os rumos a seguir.

Sem dúvida que para mim o melhor do livro foram as conversas entre amigos, debatidas com sinceridade e profundidade. Embora o livro seja narrado pela perspectiva do Lucas, existem alguns capítulos na terceira pessoa que debruçam-se sobre os outros três amigos e foi interessante descobrir mais sobre a personalidade do João, do Marcos e do Mateus. 

No geral foi uma leitura agradável, com passagens interessantes. Mas gostei mais quando a escrita do autor era mais escorreita e directa ao assunto, porque por vezes tornava-se um pouco divagante e rebuscada demais e essas partes tornavam-se um pouco maçudas para mim. Mas gostei do livro e espero que este autor publique mais livros.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

"O Tempo Que Já Não Viverei" Fabio Volo


Título: O Tempo Que Já Não Viverei
Autor: Fabio Volo
Editora: Presença

Regresso a um dos meus autores favoritos. Se não estou em erro, este foi o primeiro romance de Fabio Volo publicado em Portugal mas foi o último que li.

"O Tempo Que Não Já Viverei" conta a história de Lorenzo, um homem que sofre com as marcas do passado e pelo fim de um amor pelo qual não foi capaz de lutar. Os capítulos alternam entre a história da sua vida, a relação com os pais, as provações que enfrentou e como aos poucos conseguiu mudar o seu destino, tornando-se um publicitário de sucesso em Milão, e os altos e baixos da relação com o amor da sua vida, designada por "Ela". (O verdadeiro nome da "Ela" só é revelado na última frase.) Neste olhar sobre o passado, Lorenzo encontrará forças para construir o seu futuro. Mas será tarde demais para que "Ela" faça parte desse futuro?  

Este é provavelmente o livro que menos gostei do autor, mas mesmo assim gostei imenso, reconheci tudo o que adoro na escrita de Fabio Volo (como a cumplicidade bastante íntima que se estabelece entre a personagem principal e o leitor) bem com temas recorrentes como a fragilidade das relações amorosas, a complexidade das relações familiares e a sensibilidade no masculino. De início, achei a história algo deprimente mas gradualmente a história agarrou-me e tocou-me bastante.

Achei a história da família de Lorenzo bem mais interessante que a história da sua relação com "Ela" e esse desequilíbrio foi o que menos gostei do livro. Mas por outro lado, a verdadeira história de amor do livro é entre Lorenzo e o seu pai, que sempre tiveram uma relação difícil. O pai de Lorenzo foi sempre um homem apagado, escravo do dever e do trabalho, humilhado pelos mais fortes e esparso em afectos. Lorenzo sempre se ressentiu da forma como o pai dele vivia a vida e como isso parecia condená-lo ao mesmo destino e impedir de sonhar mais alto, não fosse a amizade criada com um vizinho que o inicia na música e na literatura e mais tarde o trabalho que consegue numa agência de publicidade. E quando Lorenzo segue esse novo caminho, depara-se com o ressentimento do pai. Porém alguns acontecimentos acabam por proporcionar uma subtil mas preciosa reconciliação entre pai e filho.    

domingo, 16 de agosto de 2015

Booktubers TAG

Pela primeira vez vou fazer uma TAG neste blog, a saber a Booktubers TAG com quinze categorias sugeridas por quinze booktubers portugueses e brasileiros. Descobri esta TAG no canal InesBooks.

Eis as minhas respostas


1. Claire Scorzi: Um clássico

"Madame Bovary" de Gustave Flaubert. Li em francês no segundo ano da minha licenciatura e mais tarde li também em português. Pode-se dizer que este é o "the great French novel", um olhar mordaz e desencantado à sociedade rural francesa do século XIX e aos desejos do ser humano.  






2. Tati Feltrin (Tiny Little Things): Um livro em inglês

"Manhattan Transfer" de John Dos Passos. Outro livro que li para a minha licenciatura, desta vez para a cadeira de Literatura Norte-Americana que tive no terceiro ano. Um vasto e complexo mas ao mesmo tempo intrigante mosaico de histórias e personagens numa Nova Iorque ora impiedosa ora fascinante.



3. Ju Gervason (O batom de Clarice): Um livro de poesia
"Sonetos" de Florbela Espanca. O único livro de poesia que eu tenho mas que a volta e meia sabe bem regressar e escolher um soneto ao acaso.





4. Patricia Pirota: Um livro nacional

"Todos Os Nomes" de José Saramago. Porque foi o primeiro livro do nosso Nobel que comprei.





5. Mell Ferraz (Literature-se): Um livro fofo

"As Crianças São Muito Infantis" de Fernando Caeiro. Não pode haver algo mais fofo do que as tiradas de quatro crianças traquinas. E acompanhem também a página no Facebook.





6. JotaPluftz: Uma banda desenhada

Não li nenhuma graphic novels a sério (embora tenha curiosidade em ler algumas como "Persopolis" e "Blue Is The Warmest Colour"), por isso a minha escolha vai para um volume de uma série clássica, que foi um dos primeiros livros de banda desenhada que eu li fora das revistinhas. "Lucky Luke e Os Dalton No Canadá" de Morris e René Goscinny.





7. Victor Almeida (Geek Freak): Um livro de fantasia

Outro género de que ainda não li muito. Talvez não seja a escolha mais ortodoxa mas optei por "O Vale do Silêncio" de Nora Roberts, o terceiro volume da trilogia do Círculo, mas como este volume passa-se quase exclusivamente num universo paralelo e tem vampiros, bruxedos, dragões e combates medieval style, acho que cumpre os requisitos. 





8. Gisele Eberspächer (Vamos Falar Sobre Livros?): Um livro lançado nesta década
"As Primeiras Luzes da Manhã" de Fabio Volo. O autor que mais adorei descobrir nesta década. O meu texto sobre este livro está aqui.



9. InesBooks: Um livro da literatura portuguesa

"Os Maias" de Eça de Queiroz. "The great Portuguese novel"





10. Isa (lidolendo): Quero ser amigo desse livro

"The Perks Of Being A Wallflower" de Stephen Chobsky. Quero ser amigo do livro, das personagens, dos acontecimentos, das músicas, de tudo.





11. Pam Gonçalves (Garota It): Um livro chick-lit ou YA

"Entre O Agora E O Nunca" de J.A. Redermski. Tudo o que um bom YA deve ter. Ver o  meu texto sobre o livro aqui.



12. Vevsvaladares: Um livro que dança ballet na sociedade
Isto pode ser muita coisa, não é? Escolhi "A Sul da Fronteira, A Oeste do Sol" de Haruki Murakami pelo olhar à intimidade na sociedade japonesa e porque um dos actos mais significativos do protagonista é dançar com a rapariga que ele ama. 





13. Sopa Primordial: Um mangá ou um livro japonês

Como nunca li nenhum manga (só folheei rapidamente um volume do "Naruto"), lá terei de voltar a escolher o Haruki Murakami com o seu triplo épico "1Q84". Mistério, distopia, nostalgia 80's, crítica à sociedade japonesa, literatura, religião, sexo, música, esquemas económicos...está lá tudo. 





14. Denise Mercedes (Cem Anos de Literatura): Um livro com mais de 600 páginas

Como já escolhi "Os Maias" e não me recordo de ter lido outro calhamaço semelhante, pelo menos de um volume só, vou aldrabar as coisas e optar por um livro de não-ficção: "The Complete Book of Summer Olympics - 2012 Edition" de David Wallechinsky e Jamie Loucky. Para quem se interessa sobre a história dos Jogos Olímpicos, este é o compêndio indispensável. 





A 15.ª categoria, sugerida por Henrique Júnio (Ensaio sobre a inconstância) é "Um livro da Cosac Naify" mas como não tenho nenhum livro dessa editora brasileira, não posso responder.

Aproveito para convidar os leitores deste blogue a sugerirem-me outras TAGs ou a responderem a este tag, ou nos comentários ou na minha página oficial do Facebook.




quarta-feira, 5 de agosto de 2015

"A Rapariga de Papel" Guillaume Musso


Título: A Rapariga de Papel
Autor: Guillaume Musso
Editora: Bertrand

Este foi o terceiro livro que li do autor. Primeiro li o "Venho Para Te Levar" em francês, mas apesar de boas ideias, mas cuja leitura acabou por não me agradar tanto como gostaria. Depois li o "Salva-me", já em português, que gostei um pouco mais. E deste "A Rapariga de Papel" gostei mais ainda.

Tom Boyd é um escritor que conheceu um sucesso estrondoso devido a uma série de livros de narrativa fantástica com anjos. Porém, uma dolorosa ruptura com Aurore, uma pianista francesa por quem se apaixonou, deixou-o sem vontade de viver, quanto mais de escrever e refugiou-se na clausura, recorrendo ao álcool e às drogas para enganar a dor. O seu amigo e agente Milo informa-o que os investimentos financeiros de ambos foram por água abaixo e só a conclusão do terceiro e último livro da série os pode salvar da ruína. Milo também conta-lhe que uma edição de luxo do primeiro volume correu mal e só metade de cada exemplar foi impressa, terminando abruptamente a meio de uma frase.
Nessa noite surge em casa de Tom uma jovem completamente nua que diz ser Billie, uma personagem do livro mencionada precisamente nessa frase inacabada e que por causa disso caiu no mundo real. Depois de muita desconfiança, as atitudes e os dados demonstrados pela rapariga confirmam  as características da personagem e Tom vai-se convencendo que se trata mesmo da personagem que criou. Quando Billie o resgata de uma tentativa de internamento psiquiátrico, os dois partem rumo ao México e formam um pacto: ela ajudar-lhe-à a reconquistar Aurore e ele dar-lhe-á uma história mais digna no terceiro volume. Mas ao longo do caminho, os dois vão desenvolvendo outros sentimentos. E quando Billie padece de uma estranha doença, Tom, Milo e Carole, a polícia amiga de infância de ambos, lançam-se numa corrida contra o tempo para a salvar. Essa salvação passará tanto por Tom escrever o novo livro como por recuperarem um exemplar da edição defeituosa que vai passando por diversas mãos em vários lugares do mundo. Mas será Billie mesmo uma personagem ficcional ou algo mais?

Eu gosto da escrita de Guillaume Musso, mas por vezes consegue ser um pouco angustiante e foi isso que me desanimou no primeiro livro que li dele. Porém neste livro essa angústia até contribuiu para que me ligasse à história, apreciasse as aventuras das personagens e me deixasse na expectativa. Outra característica do autor é criar personagens momentâneas onde apesar de merecerem uma larga descrição, só intervêm num determinado e geralmente decisivo momento da acção. Noutros livros, como por exemplo em "Salva-me", por vezes esse recurso acaba por ser um pouco acessório, mas em "A Rapariga do Papel" essa sucessão de personagens efémeras acaba por ser um dos aspectos mais positivos da segunda metade do livro.    

Eu por acaso apanhei um spoiler sobre o mistério do livro, mas mesmo assim consegui abstrair-me disso durante a maior parte da leitura e quando me lembrava, custou-me atar o fio à meada, o que foi mais um ponto a favor.

terça-feira, 7 de julho de 2015

O Livro ou O Filme? (#3) "The Perks Of Being A Wallflower" Stephen Chobsky


Título: The Perks Of Being A Wallflower
Autor: Stephen Chobsky


Título em Portugal: As Vantagens de Ser Invisível
Realização: Stephen Chobsky
Elenco: Logan Lerman, Emma Watson, Ezra Miller, Kate Walsh, Dylan McDermott, Paul Rudd

Primeiro que tudo, como é possível que este livro não tem (pelo menos até agora) uma edição portuguesa? Ainda para mais já havendo um filme que, mesmo tendo outros pontos de interesse, bastaria o facto de nele entrar Emma Watson, numa das suas primeiras incursões pós-Harry Potter, para suscitar curiosidade. É tão comum que surjam edições em Portugal quando certos livros são adaptados ao cinema, que é bastante frustrante que tal não tenha sido feito neste caso. 

Este foi um caso em que primeiro vi o filme e depois quis ler o livro, tendo apenas encontrado edições em inglês. O livro foi editado em 1999 e o filme é de 2012 e tem a particularidade de ter sido realizado pelo autor do livro, Stephen Chobsky, daí que adaptação cinematográfica seja bastante fiel à obra.

Trata-se de um romance epistolar constituído por cartas que o protagonista a alguém não identificado que ele trata por amigo. A acção passa-se entre 1991 e 1992.  
Charlie é um tímido rapaz de 15 anos, apaixonado pela leitura, que entra para o liceu mas tem algumas dificuldades em socializar, até porque o seu melhor amigo suicidou-se uns meses antes.
Eventualmente acaba por travar amizade com dois meios-irmãos, o Patrick, que mantém uma relação secreta com um popular aluno jogador de futebol americano, e a Sam, por quem Charlie tem de imediato um fraquinho. Através deles, Charlie acaba por se integrar num círculo de amigos e a fazer parte das suas divertidas actividades, como actuações ao vivo durante sessões de "Rocky Horror Motion Picture Show". É aí que Charlie tem as suas primeiras experiências com álcool, tabaco e drogas leves. Por entre todas as emoções que experimenta ao fazer parte desse grupo, Charlie vê-se numa espécie de namoro com outra rapariga do grupo, Mary Elizabeth, uma relação em que ele não se sente confortável mas que receia confrontar, culminando num deslize que quase o faz perder as amizades que estabelecera. Porém, após ajudar Patrick numa briga com o ex-namorado, que nunca assumiu a relação e o ofendeu publicamente, Charlie volta a integrar-se no grupo. 
Enquanto isso, Charlie vai estabelecendo uma amizade paralela com o professor de literatura e redefinindo a ligação que tem com a sua família. Porém, após um momento mais íntimo com Sam, Charlie vê-se confrontado com uma terrível memória do passado, envolvendo uma tia falecida. Contudo, com o apoio da família, dos amigos e de uma psiquiatra, Charlie consegue superar o trauma e encarar o futuro.

Como já disse, o filme é uma adaptação fiel da obra, ou não tivesse sido realizado pelo próprio autor. A principal diferença é que o filme decidiu explorar mais a relação de Charlie com Sam e Patrick do que com os seus familiares ou com o professor. Por exemplo, no livro existem algumas cenas com outros membros da família que não os pais ou os irmãos. Também ficou de fora uma cena do livro que eu achei particularmente marcante quando Charlie e Patrick vão a um parque onde homens têm encontros furtivos, onde aí Charlie é abordado por apresentador famoso e Patrick faz uma chocante descoberta, mas compreendo que essa cena tenha sido deixada de fora para não afectar a classificação etária, bem como alguma moderação do conteúdo mais sexual e psicotrópico do livro.

O filme está bem conseguido, com interpretações seguras de todo o elenco dos mais jovens aos mais veteranos, com óbvio destaque para o trio protagonista composto por Logan Lerman, Emma Watson e Ezra Miller. Gostei também imenso a forma como o filme captura bem a essência de crescer no início dos anos 90, um período que muita gente, incluindo eu, recorda de forma vívida mas que a esta distância parece já tão longíquo, quando não havia internet, os telemóveis eram raros e inacessíveis e as mixtapes eram um hábito comum entre os adolescentes. 

Mas tenho de dizer que gostei ainda mais do livro. Adorei a forma como através da escrita Charlie vai narrando as suas experiências, os sentimentos e o desenrolar do seu relacionamento com os amigos e a família e a forma como ele vai gradualmente evoluindo de um rapaz tímido, taciturno e sem iniciativa em alguém positivo, afirmativo e confiante. É graças a essa transformação, forjada sobretudo através do poder da amizade, que ele consegue superar o seu confronto com os demónios do passado.

Portanto, mais uma vez, gostei imenso tanto do livro como do filme, mas o meu veredicto vai para o livro.     

  

segunda-feira, 29 de junho de 2015

"Amei-te Em Copacabana" Francisco Salgueiro


Título: Amei-te Em Copacabana
Autor: Francisco Salgueiro
Editora: Oficina do Livro

Na minha ida à Feira do Livro de Lisboa, onde tive a oportunidade de dar autógrafos do meu livro no stand da minha editora, aproveitei como é óbvio para adquirir mais alguns livros. Um deles foi "Amei-te Em Copacabana", de Francisco Salgueiro, um dos meus autores nacionais preferidos.

Editado em 2008, este romance é um dos menos conhecidos do autor, mas é tido como aquele que marcou uma nova direcção na sua obra. A escrita ainda faz lembrar a dos primeiros títulos como "Homens Há Muitos" e "Viva O Amor", mas abordando aqui uma temática mais séria, que teria continuidade nos títulos posteriores, nomeadamente os volumes de "O Fim Da Inocência".

A história fala de Pedro, um homem que recorre à psicanálise para tentar encontrar respostas aos problemas que têm marcado a sua vida, sobretudo a sua tendência para se relacionar com mulheres problemáticas. Com a ajuda de um caricato mas eficiente psicanalista, entre avanços e recuos, Pedro tenta encontrar mecanismos para dar outro rumo à sua vida.

Paralelamente, assistimos à história da relação entre Pedro e Carolina: após um início promissor, as coisas complicam-se bastante porque Carolina revela encaixar-se completamente no tipo de mulher problemática que Pedro conheceu ao longo da vida. Mas apesar das desilusões, crises e frustrações ao longo de quase quatro anos, Pedro não se sente capaz de desistir a relação. Simultaneamente, o seu psicanalista refere frequentemente que o cerne dos seus problemas estará na negligência afectiva que Pedro sofreu por parte dos seus pais e que ele terá de os confrontar eventualmente, algo a que Pedro mostra igualmente bastante relutância. Porém, um encontro inesperado no Rio de Janeiro será um ponto de viragem para a vida de Pedro que, apesar de alguns passos atrás, consegue mudar de rumo.  

Gostei bastante deste livro e tive dificuldade em pousá-lo. Não tanto pela história em si, mas por de certa forma podermos identificar-nos bastante nos dilemas do protagonista, que afinal são bastante comuns. Também gostei imenso de aprender sobre a psicanálise e psicoterapia, como ela funciona e como ela pode ajudar, com o livro a desmistificar os mitos e concepções ultrapassadas do que significa recorrer a psicoterapia. Gostei igualmente a forma franca e aberta como o autor aborda as pré-concepções sobre aquilo que deve ser uma relação amorosa com que muitos de nós crescemos e como muitas delas não fazem muito sentido e até impedem-nos de construir um relacionamento saudável.
O único ponto menos positivo que me lembro será porventura a capa, que acho que dá uma ideia errada do livro, nomeadamente por fazer parecer um romance de época quando o livro se passa no tempo presente.

Mas é sem dúvida um livro que recomendo e acho que devia ser tão divulgado e conhecido quanto os títulos mais célebres de Francisco Salgueiro. 

segunda-feira, 25 de maio de 2015

"Em Parte Incerta" Gillian Flynn


Título: Em Parte Incerta
Autora: Gillian Flynn
Editora: Bertrand

Amy e Nick eram um casal-sensação a viver uma vida glamourosa em Nova Iorque: ele tinha uma carreira como escritor, ela tinha sido a inspiração para uma famosa série de livros infantis escritos pelos seus pais. Mas com a crise económica, os dois perderam os empregos. Nick decide voltar para a sua cidade natal no Missouri para cuidar da sua mãe que sofre de cancro. Esta mudança acaba por trazer, findo o dinheiro e o estado de graça, a duras crispações no casamento de ambos. No dia do quinto aniversário de casamento, Amy desaparece misteriosamente. À medida que vão surgindo novas evidências e sob o impiedoso olhar da comunicação social, Nick passa rapidamente do marido aflito a potencial assassino. Na versão de Amy, fala-se de traições e maus-tratos. Na versão de Nick, uma meticulosa cilada motivada por uma cruel vingança. Qual deles está a dizer a verdade: Amy, Nick, ou nenhum dos dois? 

Este é um livro que há muito queria ler e aproveitei uma promoção de 50% na Note para finalmente o adquirir. No entanto, embora não tenha visto o filme, cometi a asneira de ver no YouTube a "Honest Trailer" respectiva que revela alguns spoilers. Por isso, comecei a minha leitura já sabendo algumas coisas que retiram algum do factor surpresa que livro constrói para desarmar o leitor. 
No entanto, deixei-me ainda assim cativar pela excelente escrita de Gillian Flynn, que habilmente disseca as mentes dos dois protagonistas, através dos pontos de vista que alternam ao longo do livro. Gostei sobretudo a partir da segunda parte, quando se dá a maior reviravolta a surpreender o leitor. Embora não haja nenhuma personagem propriamente simpática, exceptuando talvez a Margo "Go", a irmã gémea de Nick, eu adorei quase todas as personagens - Amy, Nick, Go, os polícias que investigam o caso, o advogado, o pai de Nick, Desi - e adorei saber o que lhes passa pela mente, quer por aquilo que eles nos revelam, quer por aquilo que Amy e Nick dizem deles.

Este género do suspense não é um género que costumo ler mas para mim foi uma boa incursão: a escrita de Gillian Flynn é densa mas bastante fluida e agarra bastante o leitor. 
     


terça-feira, 5 de maio de 2015

"Antes do Futuro" Jay Asher & Carolyn Mackler


Título: Antes do Futuro
Autores: Jay Asher & Carolyn Mackler
Editora: Presença

Estamos em 1996, quando a internet ainda não se massificou, os livros do Harry Potter e o filme "Titanic" ainda não existiam e a música ainda era ouvida em walkmans e discmans. Emma e Josh são dois amigos de sempre cuja a amizade ficou tremida por um episódio ocorrido meses antes, mas que voltam a juntar-se quando ao instalarem um CD-ROM no computador de Emma, surge de repente imagens de um estranho site chamado Facebook onde eles podem ver como é a sua vida dali a quinze anos: profissões, famílias, férias... Mais tarde, acabam por descobrir que os seus gestos na actualidade produzem alterações nas suas vidas futuras que surgem no Facebook. Inspirado pela visão do futuro que descobriu, Josh toma iniciativas das quais ele nunca se julgaria capaz, enquanto Emma perante uma sucessão de futuros pouco animadores faz de tudo para mudar o seu destino. Mas será que essas visões do futuro não estarão a afectar perigosamente as suas vidas no presente, as suas relações com a família e os amigos e sobretudo a amizade entre ambos?

"Antes do Futuro" foi uma leitura leve e despretensiosa e a verdade é que a história conseguiu prender-me e a cada reviravolta, também eu queria ver as mudanças no Facebook deles. Enquanto é fácil simpatizar com o Josh, o mesmo não se pode dizer da Emma, que é demasiado egocêntrica e indecisa, mas também quem não o era aos dezasseis anos? E também gostei de recordar alguma da nostalgia dos anos 90, até porque também fui adolescente nessa década.  

   


terça-feira, 28 de abril de 2015

Vamos falar de capas #1

Nova rubrica no blogue dedicada às capas dos livros. Hoje três tópicos.

A CAPA MAIS FEIA NA MINHA ESTANTE


A capa mais feia de entre a minha colecção de livros é sem dúvida esta de "Corações em Silêncio" de Nicholas Sparks. Já se sabe que as capas da Editorial Presença nos anos 90 e inícios deste século não primavam pela qualidade e as primeiras edições dos livros do Nicholas Sparks são um paradigma desse período de mau design. Mas no caso deste livro, acho esta primeira capa é mesmo horrível: não há nada que eu goste nela. Detesto o fundo amarelo, detesto as montagens de fotografias, detesto as silhuetas, até detesto o tipo de letra no título. O que é pena pois este é um dos meus livros preferidos do autor, senão mesmo o meu preferido. Quase que me dá vontade de comprar uma nova edição com uma capa melhor

A CAPA MAIS BONITA NA MINHA ESTANTE


Não há assim uma capa de entre os livros que eu tenho que eu ache super linda, mas para mim a mais bonita talvez seja mesmo esta de "A Culpa é das Estrelas" de John Green. Pelo menos é bem mais bonita que a capa original com as nuvens. A edição que eu tenho vem com uma sobrecapa com o poster do filme, mas por baixo vem a capa original. O céu estrelado é uma escolha algo previsível mas até acho que aqui está bonito. Gosto dos tipos de letra escolhidos tanto para o título como para o nome do autor e sobretudo gosto das casinhas na parte de baixo a fazer lembrar as casas em Amesterdão, onde se passa parte da acção do livro e que também é uma cidade que já visitei.  

A HISTÓRIA DA CAPA DO MEU LIVRO



A Chiado Editora nunca me abordou sobre como eu imaginava a capa para o meu livro. No entanto, era precisamente algo assim que eu imaginava: a imagem de um prédio e silhuetas de figuras humanas nas janelas. A outra proposta para a capa tinha o mesmo conceito mas de forma mais estilizada. Acham que escolhi bem ou devia ter escolhido a outra?



Seja como for, estou satisfeito com a capa. Os desenhos dos prédios podiam ter sido um pouquinho mais elaborados mas não estão mal a meu ver. Gosto da atmosfera nocturna e a ideia de observar através das janelas, uma vez que o livro é uma incursão à intimidade de quatro casais. 
A contracapa segue a mesma linha gráfica de uma atmosfera de uma cidade à noite.


E agora gostaria de perguntar aos leitores do blogue. Quais são as vossas capas preferidas e que menos gostam de entre a vossa colecção de livros. Deixem o vosso comentário!







domingo, 26 de abril de 2015

"Abre o Teu Coração" James Patterson


Título: Abre o Teu Coração
Autor: James Patterson
Editora: Presença

Estava muito céptico em ler mais um livro deste autor. Nunca li nada da vertente mais policial de James Patterson, mas na sua corrente de drama/romance não fiquei muito impressionado. Primeiro li "Um Casamento No Natal" e achei a história engraçada mas muito pouco desenvolvida, as coisas aconteceram de forma muito apressada e o livro passa por algo superficial. Depois li "Diário de Uma Mãe" e não fiquei nada impressionado, achei-o cheio de clichés, previsível e demasiado decalcado do Nicholas Sparks. Por isso fiquei com o pé atrás face a James Patterson.

Ainda assim, aproveitando uma promoção no site da Editora Presença em que era possível adquirir três livros, pagando apenas um, acabei por escolher outro livro do autor de entre a lista de títulos abrangidos pela promoção. E mesmo não tendo adorado, gostei mais de "Abre o Teu Coração".

Jennifer Wells é uma escritora/colunista que ainda sofre com a morte do marido num acidente de surf. Quando a sua avó Sam, que a criou desde a morte prematura dos pais de Jennifer e foi sempre a sua melhor amiga, tem uma trombose, Jennifer decide passar uns tempos na casa de férias da família no Lago Genebra no Wisconsin para ficar perto da avó. Aí Jennifer depara-se com uma série de cartas que Sam escrevera para a sua neta. Ao ler essas cartas, Jennifer fica espantada ao descobrir que não só o casamento dos avós, que ela julgava feliz, foi sempre desprovido de amor como Sam mantivera um caso amoroso com alguém que a avó designa simplesmente por Doc.

Durante esse período Jennifer reencontra um amigo de infância, Brendan Keller, que está a passar uma temporada noutra caso do lago. Entre os dois acaba por nascer um clima de romance que floresce até Brendan lhe revelar um segredo que pode acabar com tudo. Mas inspirada pela história narrada nas cartas de Sam, Jennifer está disposta a lutar por esse novo amor, apesar de todos os riscos.

Em "Abre o Teu Coração", alguns dos meus problemas com o autor mantiveram-se sobretudo o facto de como certos assuntos da história foram pouco desenvolvidos ou explicados muito apressadamente, sobretudo a verdadeira identidade de Doc. No entanto, já foi uma leitura mais interessante e menos previsível. Talvez porque tinha a fasquia bem baixa, mas o certo é que gostei mais, sobretudo do Brendan. Ainda não estou muito fã de James Patterson, mas este livro já foi um passo a favor a meu ver.     

segunda-feira, 6 de abril de 2015

O Livro ou o Filme? (#2) "O Diário da Nossa Paixão" Nicholas Sparks


Título: O Diário da Nossa Paixão
Autor: Nicholas Sparks
Editora: Presença


Realização: Nick Cassavettes
Argumento: Jeremy Leven e Jan Sardi
Elenco: Ryan Gosling, Rachel McAdams, Gena Rowlands, James Garner

Regressando à rubrica "O Livro ou o Filme?", desta vez trago um exemplo bem conhecido em que tanto o livro como o filme têm um estatuto de lendário, se bem que cada um à sua maneira. "O Diário da Nossa Paixão" ("The Notebook" no original) foi o primeiro livro de Nicholas Sparks, editado nos EUA em 1996 e em Portugal dois anos mais tarde, e como tal, aquele que o lançou como um dos grandes nomes da literatura romântica. 

Em Portugal, o interesse por Nicholas Sparks surgiu sobretudo a partir de 1999 aquando da primeira adaptação cinematográfica de uma obra sua, "As Palavras Que Nunca Te Direi". Foi também com este livro que me iniciei no universo "sparksiano", tendo depois prosseguido com "Corações em Silêncio" e "O Diário da Nossa Paixão", sendo que estes dois ainda permanecem como os meus títulos preferidos do autor. 

A história é sobejamente conhecida. Num lar de idosos, um homem lê todos os dias a uma mulher que sofre de Alzheimer a história de um amor entre Allie Nelson, uma jovem da alta sociedade, e Noah Calhoun, um simples rapaz operário nos anos 40. Gradualmente percebe-se que os dois idosos são Allie e Noah na actualidade e que esta é uma forma do marido manter viva a história de amor com a esposa cada vez mais debilitada pela doença e pelas perdas de memória que acarreta. 
Eu li o livro nos idos de 2001 ainda com aquela capa púrpura (as capas desses tempos, sobretudo as da Presença, deixavam muito a desejar). Apesar de ter achado a história algo resumida, com diversos aspectos que poderiam ser mais explorados, foi sem dúvida uma leitura apaixonante e desde então achei que daria um belo filme.


A adaptação para filme acabou por surgir em 2004. Foi a terceira adaptação de um livro de Nicholas Sparks ao cinema, pois além do já referido "As Palavras Que Nunca Te Direi", também houve em 2002 "Um Amor Para Recordar" (adaptado de "Um Momento Inesquecível", o único caso em que o filme teve um título português diferente do respectivo livro de Sparks). Apesar das críticas não muito favoráveis (que aliás são apanágio de todos as adaptações cinematográficas do autor), o filme desde então tem ganho um estatuto de culto, sendo apontado como uma das principais referências do cinema romântico a par de títulos "Love Story" e "Titanic". Aliás, será talvez a principal referência desse género no período pós-Titanic e pré-Crepúsculo e cimentou definitivamente a vontade de Hollywood em adaptar os livros de Nicholas Sparks ao cinema. 

A principal diferença do livro para o filme é que o primeiro foca-se sobretudo no reencontro do casal em 1948, quando ele regressa da Segunda Guerra Mundial e ela está noiva de outro homem e o segundo no início do romance de ambos e seus consequentes obstáculos em 1940, um período não muito aprofundado no livro. De certo modo, essa foi uma boa opção para o filme para lhe conferir mais antagonismo à história, do qual o livro carecia um pouco. Ainda que pessoalmente acabei por não sentir nenhuma animosidade pela que seria a principal opositora, a mãe de Allie, até porque tinha lido o livro e sabia que ela mais tarde mostraria uma outra faceta. Por outro lado, se no livro não senti nenhuma particular empatia pelo Lon, o noivo de Allie, no filme até tive alguma pena dele por ser preterido, embora fosse imperativo que Allie e Noah ficassem juntos. Foi uma escolha inteligente não se ter caído na tentação de pôr Lon no típico cliché do rico snob e antipático.

O principal trunfo do filme é sem dúvida a química entre os dois protagonistas, Ryan Gosling e Rachel McAdams, que aliás extravasou durante alguns anos para a vida real. Os dois não eram nenhuns desconhecidos mas foi com "O Diário da Nossa Paixão" que se tornaram estrelas. Embora Ryan Gosling tenha feito por pautar a sua carreira por papéis bem diferentes, não há como lhe descolar o rótulo de galã romântico que lhe foi colado neste filme. Para muitos, o papel de Gosling elevou a fasquia do romantismo masculino a alturas inacessíveis. Por acaso, apesar de ter muita curiosidade em saber quem seriam os protagonistas, nunca tinha pensado em nenhuns nomes em particular para os papéis principais. 
Já entre os aspectos que não gostei muito, foi o do casal veterano. Apesar da competência habitual de James Garner e Gena Rowlands, não sei se a forma de abordar com a história deles na terceira idade terá sido a melhor.

Agora o veredicto: o livro ou o filme? Gostei imenso dos dois, cada um tem os seus pontos fortes e os pontos menos positivos, mas creio que o livro leva uma pequeníssima vantagem.                

segunda-feira, 30 de março de 2015

"Filhos da Costa do Sol" Manuel Arouca


Título: Filhos da Costa do Sol
Autor: Manuel Arouca
Editora: Oficina do Livro

Manuel Arouca, além de romancista, também é conhecido como argumentista para televisão, sendo autor de programas como a série "Os Homens da Segurança" e a telenovela "Jardins Proibidos" (a original). Editado em 1984, "Filhos da Costa do Sol" foi o seu primeiro romance e tornou-se um dos maiores best-sellers nacionais da década. O livro foi reeditado pela Oficina do Livro em 2002 e 2013, e em 2014, saiu a sua sequela "Filhos da Costa do Sol - A Nova Geração".

O livro desenha um retrato da juventude inquieta que atravessou os últimos anos do Estado Novo e o período após o 25 de Abril, através de Francisco Guimarães, mais conhecido por Chico, para quem estes anos loucos da década de 70 trarão duras lições de vida. 

O romance está dividido entre duas partes. Na primeira, Chico é um rapaz indolente da Costa do Estoril, sem nenhum interesse para os estudos, bem mais interessado em estar com os amigos, sair à noite e engatar turistas estrangeiras. Sempre ao seu lado nessas peripécias, está o seu melhor amigo Luís, que ao contrário de Chico, essa vida não lhe parece afectar o rendimento escolar. 
Quando chega a Revolução, Luís trabalha no Hotel Brasil, para o qual revela uma inesperada habilidade, sem que isso o faça dedicar-se menos aos engates. Nos primeiros meses da revolução, chega mesmo a liderar o movimento reivindicativo dos empregados do hotel. 

É um Chico diferente que surge na segunda parte do livro, que começa em 1976. Depois de uma temporada passada no estrangeiro, Chico regressa a uma Costa do Estoril que ele mal reconhece, perdida entre os velhos e os novos valores da sociedade e onde o sexo e a droga estão bem presentes. É aí que Chico reencontra Marta, uma antiga colega de escola e um ex-menina "bem" da elite de Cascais que se perdeu no turbilhão de mudanças no país e na desintegração da sua família e mergulhou no mundo das drogas. Marta e Chico apaixonam-se e esse amor leva-a a libertar-se das drogas. Porém, ao querer traçar um rumo para a vida dos dois, Chico descobre as dificuldades do mercado de trabalho e a hipocrisia reinante. Mas será a fragilidade de Marta, tão tenuemente presa pela relação de ambos, que ditará um fim trágico a esta história de amor. 

Tenho que dizer que a segunda parte do livro foi bem mais interessante de seguir, não só porque o romance de Chico e de Marta acabam por ser o tema mais marcante, como o Chico desta parte é muito mais maduro, sensato e com uma visão cheia de discernimento que aquele da primeira parte. Aliás, a primeira parte para mim foi algo difícil de atravessar, pois era bem mais difícil criar empatia com o Chico adolescente indolente e incipiente. Mesmo quando alinha na revolta dos empregados do hotel, parece fazê-lo mais por diversão do que por convicção.  Tal é a diferença entre e um outro que eu fiquei interessado em saber mais sobre o período que separa as duas partes do livro.
Também devo dizer que não gostei muito da Marta. Por muito que os seus traumas e desilusões possam justificar as suas atitudes, achei-a demasiado invertebrada, sem vontade própria e dependente de Chico. 

Mas no geral, "Filhos da Costa do Sol" foi uma leitura interessante, até porque como faço anos a 25 de Abril, interesso-me bastante sobre a história de Portugal no período pós-revolução e em como afectou o cidadão comum, menos interessado em política do que em seguir com a sua vida.