segunda-feira, 6 de abril de 2015

O Livro ou o Filme? (#2) "O Diário da Nossa Paixão" Nicholas Sparks


Título: O Diário da Nossa Paixão
Autor: Nicholas Sparks
Editora: Presença


Realização: Nick Cassavettes
Argumento: Jeremy Leven e Jan Sardi
Elenco: Ryan Gosling, Rachel McAdams, Gena Rowlands, James Garner

Regressando à rubrica "O Livro ou o Filme?", desta vez trago um exemplo bem conhecido em que tanto o livro como o filme têm um estatuto de lendário, se bem que cada um à sua maneira. "O Diário da Nossa Paixão" ("The Notebook" no original) foi o primeiro livro de Nicholas Sparks, editado nos EUA em 1996 e em Portugal dois anos mais tarde, e como tal, aquele que o lançou como um dos grandes nomes da literatura romântica. 

Em Portugal, o interesse por Nicholas Sparks surgiu sobretudo a partir de 1999 aquando da primeira adaptação cinematográfica de uma obra sua, "As Palavras Que Nunca Te Direi". Foi também com este livro que me iniciei no universo "sparksiano", tendo depois prosseguido com "Corações em Silêncio" e "O Diário da Nossa Paixão", sendo que estes dois ainda permanecem como os meus títulos preferidos do autor. 

A história é sobejamente conhecida. Num lar de idosos, um homem lê todos os dias a uma mulher que sofre de Alzheimer a história de um amor entre Allie Nelson, uma jovem da alta sociedade, e Noah Calhoun, um simples rapaz operário nos anos 40. Gradualmente percebe-se que os dois idosos são Allie e Noah na actualidade e que esta é uma forma do marido manter viva a história de amor com a esposa cada vez mais debilitada pela doença e pelas perdas de memória que acarreta. 
Eu li o livro nos idos de 2001 ainda com aquela capa púrpura (as capas desses tempos, sobretudo as da Presença, deixavam muito a desejar). Apesar de ter achado a história algo resumida, com diversos aspectos que poderiam ser mais explorados, foi sem dúvida uma leitura apaixonante e desde então achei que daria um belo filme.


A adaptação para filme acabou por surgir em 2004. Foi a terceira adaptação de um livro de Nicholas Sparks ao cinema, pois além do já referido "As Palavras Que Nunca Te Direi", também houve em 2002 "Um Amor Para Recordar" (adaptado de "Um Momento Inesquecível", o único caso em que o filme teve um título português diferente do respectivo livro de Sparks). Apesar das críticas não muito favoráveis (que aliás são apanágio de todos as adaptações cinematográficas do autor), o filme desde então tem ganho um estatuto de culto, sendo apontado como uma das principais referências do cinema romântico a par de títulos "Love Story" e "Titanic". Aliás, será talvez a principal referência desse género no período pós-Titanic e pré-Crepúsculo e cimentou definitivamente a vontade de Hollywood em adaptar os livros de Nicholas Sparks ao cinema. 

A principal diferença do livro para o filme é que o primeiro foca-se sobretudo no reencontro do casal em 1948, quando ele regressa da Segunda Guerra Mundial e ela está noiva de outro homem e o segundo no início do romance de ambos e seus consequentes obstáculos em 1940, um período não muito aprofundado no livro. De certo modo, essa foi uma boa opção para o filme para lhe conferir mais antagonismo à história, do qual o livro carecia um pouco. Ainda que pessoalmente acabei por não sentir nenhuma animosidade pela que seria a principal opositora, a mãe de Allie, até porque tinha lido o livro e sabia que ela mais tarde mostraria uma outra faceta. Por outro lado, se no livro não senti nenhuma particular empatia pelo Lon, o noivo de Allie, no filme até tive alguma pena dele por ser preterido, embora fosse imperativo que Allie e Noah ficassem juntos. Foi uma escolha inteligente não se ter caído na tentação de pôr Lon no típico cliché do rico snob e antipático.

O principal trunfo do filme é sem dúvida a química entre os dois protagonistas, Ryan Gosling e Rachel McAdams, que aliás extravasou durante alguns anos para a vida real. Os dois não eram nenhuns desconhecidos mas foi com "O Diário da Nossa Paixão" que se tornaram estrelas. Embora Ryan Gosling tenha feito por pautar a sua carreira por papéis bem diferentes, não há como lhe descolar o rótulo de galã romântico que lhe foi colado neste filme. Para muitos, o papel de Gosling elevou a fasquia do romantismo masculino a alturas inacessíveis. Por acaso, apesar de ter muita curiosidade em saber quem seriam os protagonistas, nunca tinha pensado em nenhuns nomes em particular para os papéis principais. 
Já entre os aspectos que não gostei muito, foi o do casal veterano. Apesar da competência habitual de James Garner e Gena Rowlands, não sei se a forma de abordar com a história deles na terceira idade terá sido a melhor.

Agora o veredicto: o livro ou o filme? Gostei imenso dos dois, cada um tem os seus pontos fortes e os pontos menos positivos, mas creio que o livro leva uma pequeníssima vantagem.                

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