terça-feira, 27 de dezembro de 2016

"Esta Noite, Fala-me De Amor" Elin Hilderbrand




Título: Esta Noite, Fala-me De Amor
Autora: Elin Hilderbrand
Editora: ASA

Deparei-me por acaso com este livro entre um lote de livros em promoção no Continente, achei a sinopse interessante e decidi que seria a minha leitura para este Natal. Ao que parece, todos os livro da autora, Elin Hilderbrand, passam-se na ilha de Nantucket, no estado americano do Massachussetts, um dos mais populares destinos turísticos da costa leste dos Estados Unidos. 

"Esta Noite, Fala-me de Amor" conta a história de Dabney Kimball, uma mulher de quarenta e oito anos, dedicada desde sempre à ilha em que nasceu e cresceu e como tal, é uma das pessoas mais acarinhadas por todos na ilha. Dabney trabalha na Câmara de Comércio, é casada há mais de vinte e anos com John Boxwright Beech (que todos tratam por Box) e tem uma adorável filha que vive em Nova Iorque. Além disso, tem um dom especial: ela consegue ver se um casal é compatível ou não. Se for compatível ela vê um aura cor-de-rosa, se não for, ela vê uma névoa verde. Graças ao seu dom, Dabney já juntou mais de quarenta casais e acertou sempre, mesmo quando não seguiram a sua opinião. Por outro lado, Dabney também tem os seus traumas do passado que a impedem de sair da ilha, a não ser que a sua vida dependa disso.

Ao fim de vários anos tranquilos, a existência de Dabney é abalada quando recebe a notícia do regresso de Clendanin Hughes, aquele que foi o seu grande amor e o pai biológico de Agnes. Há vinte e sete anos, Clen partiu para a Ásia onde tornou-se um reputado jornalista de investigação. Para vencer o desgosto, Dabney cortou todas as relações com ele. Agora o regresso de Clen traz ao de cima muitas emoções que Dabney lutou para enterrar bem fundo e que a lança numa série de situações caricatas, ora divertidas, ora dramáticas, vendo-se arrastada para um destino inevitável.
Como se isso não bastasse, Dabney também tem de lidar com Agnes, que está noiva de um homem bastante rico que não só não é compatível com ela como Dabney pressente sinais subtis de ser alguém demasiado controlador, e a própria Dabney debate-se com um misterioso problema de saúde. 

O livro tem a particularidade de não ter capítulos, apenas três partes principais, sendo a narrativa, ainda que na terceira pessoa, descrita do ponto de vista de cinco personagens: Dabney, Clen, Box, Agnes e Nina Mobley, a colega e melhor amiga de Dabney. Pelo meio, existem depoimentos na primeira pessoa de alguns dos casais que Dabney juntou graças ao seu dom. 

Foi uma leitura ideal para o Natal, (embora se passe no Verão) bastante divertida e descontraído, equilibrando os momentos de humor com aqueles mais dramáticos. Gostei de todas as personagens, mesmo quando elas não se portavam da melhor maneira: era um bocado triste ver Dabney meter-se em alhadas mas ao mesmo tempo dava para perceber perfeitamente porque é que ela agia assim. Também é muita gira a descrição dos vários locais pitorescos de Nantucket. Devorei ao longo do fim de semana do Natal e fiquei com vontade de ler mais da autora.     

   

domingo, 30 de outubro de 2016

"Um Instante de Amor" Milena Agus


Título: Um Instante de Amor
Autora: Milena Agus
Editora: Presença

Tenho um certo gosto pela literatura italiana e diante de um promoção da NOTE que vendia livros da Editorial Presença a cinco euros, optei por este curtinho romance de Milena Agus. 
"Um Instante de Amor" conta a história de uma mulher da Sardenha que devido ao seu desejo de ser amada, é tida como louca pela sua família e pelo meio tacanho e preconceituoso. Por isso, embora seja bonita, não tem nenhum pretendente e vê-se forçada a um casamento de conveniência com um refugiado da Segunda Guerra Mundial acolhido pela sua família. Além disso, ela sofre de terríveis dores causadas pelas pedras dos rins, que a impede de ter filhos. 
Mas uma ida às termas para tratar dessa sua condição mudará a sua vida ao conhecer um veterano de guerra com uma perna amputada com o qual viverá uma breve mas marcante história de amor e paixão como sempre sonhara.
Mas esta história, contada pela neta da protagonista, é a história de uma família entre os anos 40 e 60, e além da avó paterna, existe também o seu avô, que mesmo sem amor entre ambos, viverá relativamente feliz ao lado da mulher com quem casou; o seu pai, que sempre viveu para o seu talento e paixão pela música; a sua mãe, que soube chegar através da música ao coração esquivo do seu futuro marido e encontrou na família deste a alegria familiar que nunca conheceu; Lia, a sua avó materna (uma das poucas personagens do livro que têm nome), mulher a quem um instante de perdição e suas consequências tornou-a uma mulher amarga. E também é a história da Sardenha e também um pouco da de Itália ao longo do século XX.     
Com uma pungente mistura de drama, humor, sensibilidade e erotismo, este livro foi uma pequena grande surpresa que aumentou o meu gosto pelos autores italianos contemporâneos. 

Instantes das Estantes #4

Após uma longa ausência eis as minhas leituras dos últimos tempos:


"Os Milgares Acontecem Devagar" Margarida Rebelo Pinto (Clube do Autor): Henrique e Maria do Mar já passaram dos 40 anos, já conheceram o amor e a desilusão e frequentam a mesma psicóloga sem o saberem. Quando se encontram parecem ter finalmente o amor que procuraram ao longo das suas vidas, mas as coisas cedo se revelam não serem fáceis...
Mais um romance de Margarida Rebelo Pinto no seu estilo habitual, para o melhor e para o menos bom, mas que de vez em quando tenho vontade de revisitar.



"Estou Nua, e Agora?" Francisco Salgueiro (Oficina do Livro): Para Alexandra, deviam ter sido apenas alguns dias de loucura antes de o início de uma vida ordeira e segura a trabalhar num escritório de advogados em Nova Iorque. Mas uma desilusão amorosa no festival Burning Man e uma viagem à Tailândia com um início atribulado levam a jovem americana numa viagem à volta do mundo através do couch surfing e também à descoberta de si própria. Baseado em factos verídicos, já que a Alex é real e foi acolhida pelo próprio Francisco Salgueiro quando ela esteve em Lisboa. Adorei ler os altos e baixos das suas viagens e saber mais sobre os diferentes países que ela visitou, tudo isto sempre no irresistível e inconfundível estilo de escrita de Francisco Salgueiro. 


"Tentação Perfeita" Lisa Kleypas (5 Sentidos - Porto Editora): Livro-epílogo da tetralogia "À Flor da Pele" da qual já li o segundo e o terceiro livro. Neste livro as quatro amigas encalhadas já estão casadas e o protagonista é Rafe Bowman, o irmão mais velho de Lillian e Daisy Bowman. Filho primogénito que se rebelou contra a autoridade do seu pai, Rafe enriqueceu pelos seus próprios meios. Para alcançar os seus objectivos e voltar a entender-se com o seu pai, Rafe aceita casar-se com Lady Natalie, uma bela aristocrata que tem tudo para ser a noiva ideal. Mas tudo se complica quando Rafe fica mais intrigado por Hannah Appleton, prima e dama de companhia de Lady Natalie, e Hannah, apesar de chocado pelos modos grosseiros e libertinos do americano, cedo percebe que não é imune aos charmes de Rafe. Será que esta paixão que tem tudo para ser desastrosa poderá vencer com um pouco da magia da época natalícia?
Muitas saudades destas quatro amigas encalhadas.



"Nunca Seduzas Um Escocês" Maya Banks (Saída de Emergência): Na Escócia do século XVII, os Montgomery e os Armstrong, dois dos mais poderosos clãs escoceses são inimigos jurados. Numa tentativa de manter a paz, o rei da Escócia ordena o casamento de Graeme Montgomery, o jovem líder do seu clã, com Eveline Armstrong, a filha do líder do clã rival, uma decisão que desagrada a ambos os clãs.
Surda desde um terrível acidente e tida como louca, Eveline viveu sempre protegida nas muralhas do castelo e pelo amor da sua família mas aceita cumprir o seu dever. Retirada do conforto do seu lar para ir viver num ambiente hostil onde é desprezada por todos, Eveline tudo fará para ser aceite pelo clã Montgomery e para mostrar a Graeme que ela é a esposa com que ele sempre sonhou. E talvez a sua coragem seja capaz de unir os dois clãs inimigos.
Finalmente um livro de Maya Banks sem BDSM e/ou sexo a cada três páginas. Uma agradável surpresa.



domingo, 28 de agosto de 2016

"Retrato de Família" Jojo Moyes



Título: Retrato de Família
Autora: Jojo Moyes
Editora: Porto Editora

"Viver Depois De Ti" foi uma das minhas melhores leituras do ano e como tal, despertou-me a vontade de ler mais coisas da sua autora Jojo Moyes. Com a recente Feira do Livro do Continente e o desconto de 50% deste livro, acabei por adquirir este "Retrato de Família", que sucede ser o romance de estreia de Jojo Moyes, editado no Reino Unido em 2002, mas que só chegou a Portugal em 2011 quando a autora já tinha outros títulos editados por cá. 

"Retrato de Família" é a história de três mulheres da família Ballentyne: Joy, a avó, Kate, a mãe e Sabine, a filha e como lentamente as relações entre as três, caracterizadas pela tensão, pela frieza e pelo ressentimento, vão-se fortalecendo gradualmente. A narrativa divide-se entre os anos 50 e 60, quando Joy conhece Edward, aquele que será o seu marido, e os primeiros anos do casamento de ambos, e em 1997 onde a acção actual decorre.

Em 1953, no dia em que Isabel II é coroada, a elite britânica de Hong Kong reúne-se para acompanhar o acontecimento via rádio. Para Joy, tal não passa de mais outro aborrecido evento no meio sufocante onde está inserido, caracterizado pelas aparências, pela hipocrisia e pela constante desaprovação da sua mãe Alice. No entanto, esse será o dia em que Joy conhece Edward Ballantyne, um oficial do exército, junto do qual ela descobre a possibilidade de ser ela mesma e de fugir a todas as restrições que a atormentam. Por isso, uns dias ao lado de Edward são suficientes para que Joy queira casar com ele. E assim começa aquela que aparentemente é uma bela história de amor e um casamento sólido e exemplar.

Mais de quarenta anos depois, Joy e Edward vivem num palecete algo decadente na Irlanda. Kate, a filha de ambos, cortou quase todo o contacto com os pais e mudou-se para Londres, onde criou a sua filha Sabine, enquanto foi saltando de uma relação para a outra sem nunca estabilizar. No dealbar de outra crise amorosa, uma vez que pretende trocar o actual companheiro por outro, Kate decide enviar Sabine para passar uns tempos com os avós, para que ela não tenha de assistir a mais cenas tristes. 
A ideia não podia agradar menos a Sabine, já que os avós vivem numa aldeia irlandesa rústica onde não existem as coisas a que uma adolescente citadina está habituada. Além disso, Sabine demora a habituar-se às inúmeras regras da casa impostas pela avó e aos actos bruscos do avô. Mas aos poucos, a jovem habitua-se aos costumes locais e vai fazendo amigos como Thom, o trabalhador do estábulo e que tem uma prótese depois de ter ficado sem uma mão num acidente, Mrs. H, a cozinheira e governanta, e Annie, a filha de Mrs. H, que apesar da amizade imediata que estabelece com Sabine revela alguns comportamentos estranhos. E através de fotos antigas da sua família, aos poucos Sabine vai se aproximando dos avós. Quando a saúde do avô agrava-se, Kate regressa a casa dos pais onde redescobre o ressentimento destes, bem como a surpresa pela proximidade entre Sabine e os avós e os assuntos mal resolvidos como Thom. Mas só quando um segredo da família vem à luz é que as três mulheres conseguirão sarar os ressentimentos mútuos.

Mais uma vez, Jojo Moyes demonstra ter uma escrita extremamente eficaz e sólida, capaz de prender o leitor que fica ansioso para saber os mistérios que rodeiam as personagens. Contudo dá para ver que houve evolução entre este livro e "Viver Depois De Ti", onde a escrita é bem mais sólida e escorreita. Achei interessante a alternância da narrativa entre as duas épocas distantes e até à revelação do segredo, tive alguma dificuldade em reconhecer a Joy jovem dos anos 50 na Joy idosa, mas depois fez tudo sentido. Fica a confirmação de Jojo Moyes é mais uma autora favorita para mim e pretendo ler mais livros dela.  

 

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

"November 9" Colleen Hoover



Título: November 9
Autora: Colleen Hoover

Depois de ter lido "Ugly Love", fiquei com vontade de ler outro livro da Colleen Hoover e o que mais me chamava a atenção era este "November 9". No entanto, este livro ainda não foi editado em Portugal pelo que recorri ao Book Depository para uma cópia em inglês. 

Vou ser um tanto vago quanto à história por dois motivos: como já referi, ainda não foi editado em Portugal e é daquele tipo de livro em que é preferível que se vá começar a ler sabendo o menos possível. Para dar só uma ideia, "November 9" fala sobre dois jovens de 18 anos, Fallon O'Neil e Ben Kessler, que graças a um incidente aparentemente casual, conhecem-se e rapidamente desenvolvem uma ligação mútua. Ela passou há dois anos por uma terrível tragédia que a deixou com grandes marcas visíveis e invisíveis e vai partir nesse mesmo dia de Los Angeles para Nova Iorque, onde pretende recomeçar a vida. Ele é aspirante a escritor mas não sabe bem o que quer escrever e carrega mistérios que só no fim do livro vão ser descobertos. Antes de Fallon partir, ela e Ben decidem combinar algo: vão se encontrar todos os anos no mesmo dia, 9 de Novembro, mas entretanto não vão estabelecer qualquer contacto e essa será uma premissa para ele começar a escrever um livro. 
Sei o que estão a pensar: não é tipo "Um Dia"? Sim parece, mas como é referido neste livro, embora "Um Dia" aborde o mesmo dia todos os anos, os protagonistas mantêm o contacto ao longo do ano.  

Se em "Ugly Love" ou "Amor Cruel" consegui prever o plot twist, aqui fui mesmo apanhado de surpresa e as coisas desenrolaram-se de forma diferente do que estava a espera. Tudo começa muito bem mas a partir do meio do livro começam a surgir as surpresas. Embora o livro alterne entre os pontos de vista de Fallon e Ben, o leitor vai sabendo muito mais sobre ela e o seu passado do que o dele, pelo que o mistério vai-se mantendo até à revelação final. 
Mesmo com algumas falhas, sobretudo ao nível da construção de personagens e algum excesso de dramatismo, mantenho a opinião de que tinha sobre a escrita de Hoover como sendo extremamente viciante apesar disso tudo. Outra coisa que eu gostei muito foi das referências à literatura e o piscar de olhos a outros livros da autora (quem leu "Ugly Love" vai ter uma boa surpresa neste livro). Nota-se que Colleen Hoover escreveu este livro para deleitar os seus fiéis leitores e os fãs de YA.    

quarta-feira, 27 de julho de 2016

"O Quarto de Jack" Emma Donoghue



Título: O Quarto de Jack
Autora: Emma Donoghue
Editora: Porto Editora

Desde a sua edição em Portugal que eu queria ler este livro, mesmo antes de ser adaptada em filme (que ainda não vi) e finalmente tive a oportunidade devido aos 50% de desconto na Feira do Livro da Note.

Segundo a autora, a história foi inspirada no famoso caso de Elisabeth Fritzl. Jack é um rapazinho de cinco anos para quem o quarto onde sempre viveu é todo o mundo que conhece. Além da sua Mãe que cuida de si e que lhe ensinou tudo o que sabe, os seus amigos são os objectos que existem no quarto: o Armário, a Televisão, a Sanita, o Tapete...O único outro ser humano que ele conhece é o Nick Mafarrico, o homem que lhes trás a comida e outras coisas para o Quarto. O que Jack não sabe é que o Quarto é o sítio onde a sua Mãe tem sido aprisionada e sexualmente violentada há quase sete anos, precisamente pelo tal Nick Mafarrico (que afinal é o seu pai biológico). 
Ao descobrir que o seu captor está em dificuldades financeiras e poderá provavelmente matá-los, a Mãe conta a Jack a verdade, que existe todo um mundo para além do Quarto (antes ela tinha-lhe dito que tudo o que dava na televisão não era real) e elabora um plano para que os dois saiam finalmente da sua clausura. Apesar das confusões, Jack segue o plano combinado, com o sequestrador a ser apanhado e a Mãe libertada. 

Porém o regresso à liberdade é complicado para os dois: não conhecendo o mundo que havia para além do Quarto, Jack tem demasiadas coisas para assimilar, o que lhe causa muitas confusões e frustrações e a Mãe passa por vários tormentos psicológicos. A avó de Jack também enfrenta momentos complicados ao lidar com a realidade de reencontrar a filha quando já tinha poucas esperanças que tal acontecesse e de estabelecer uma ligação com o neto que lhe vê como uma estranha. Além disso, todos tentam que mãe e filho passem o mais despercebidos possível fora da atenção dos media.   

"O Quarto de Jack" foi sem dúvida uma leitura cativante, com a habilidade de trazer leveza, beleza e até algum humor a um tema tão pesado e complicado de abordar. Com a história a ser narrada, através dos olhos de Jack, é como o leitor fosse também uma criança de cinco anos num processo de constantes descobertas sobre o mundo que os rodeia. Apesar de obviamente nunca ter passado por uma situação semelhante, alguns dos pensamentos e descobertas de Jack sobre o mundo eram semelhantes àqueles que eu tive quando eu próprio tinha cinco anos. O que prova a enorme coragem e amor da sua Mãe ao impedir que uma situação tão horrível lhe roubasse a infância. 
 

segunda-feira, 13 de junho de 2016

"Paixões À Solta" Jill Mansell


Título: Paixões À Solta
Autora: Jill Mansell
Editora: Chá Das Cinco (Saída de Emergência)

Este livro foi outra das minhas aquisições da Feira do Livro de Lisboa deste ano, aproveitando o facto de estar a apenas cinco euros. Há muito que tinha curiosidade em ler algo desta autora britânica, que dizem que tem uma escrita bastante divertida, mas não sabia bem por qual livro começar. Mas este foi um bom começo e uma leitura muito bem-humorada.

A protagonista do livro é Daisy McLean, que dirige um hotel rural não muito longe de Bristol. O seu casamento com Steve há muito que estava nas últimas, uma vez que o charmoso e encantador homem com quem casara revelou-se um grande mentiroso e vigarista que pretendia viver às custas dela. Ainda assim, é com grande choque que Daisy descobre que Steve teve um acidente de viação que o deixa às portas da morte e que no carro também seguia a sua amante, que escapou ilesa. A partir daí Daisy afirma-se fechada para o amor e jura nunca cair nas cantigas de homens bonitos. 
Um ano após a morte de Steve, o hotel de Daisy prepara-se para acolher um luxuoso casamento mas a cerimónia arrisca-se a ir por água abaixo, quando Tara, uma empregada do hotel, descobre que o noivo é Dominic, um ex-namorado que se diz ainda apaixonado por ela. O reencontro entre os dois causa um grande escândalo que só a muito custo Daisy consegue resolver e que resulta numa enorme humilhação a Tara. O padrinho do casamento é Dev, uma antiga estrela do râguebi, que pelo menos aparentemente, faz todo o tipo de homem que Daisy jurou evitar e por isso, ela desvaloriza o interesse que ele manifesta por ela. 

Esta é a primeira de muitas situações tragicómicas que se desenrolam ao longo do livro e onde Daisy acaba sempre por se ver envolvida. Outrora uma rapariga namoradeira e com ambições de estrelato, Tara decide viver uma vida séria e procurar um homem como deve ser, mas faltam candidatos e há uma tentação difícil de resistir. Barney, que traz algo que pertenceu ao marido de Daisy, emprega-se como porteiro do hotel e apaixona-se por quem não devia. Hector, o excêntrico pai de Daisy, fica dividido entre Maggie, a tia de Tara, com quem tem uma relação secreta e Paula, uma cantora extravagante. E a própria Daisy vê-se também indecisa entre uma promissora relação com Josh, um velho amigo, e admitir que não é de todo indiferente a Dev. 

Como dá para ver, foi uma leitura extremamente divertida, onde até os momentos mais tensos e dramáticos tem a sua dose de humor. O único senão foram alguns erros de tradução e tipografia.   


terça-feira, 7 de junho de 2016

"O Estranho Ano de Vanessa M." Filipa Fonseca Silva


Título: O Estranho Ano de Vanessa M.
Autora: Filipa Fonseca Silva
Editora: Bertrand

Este livro foi uma das minhas aquisições na Feira do Livro de Lisboa deste ano, tendo mesmo conseguido um autógrafo da autora. Já aqui falei do seu outro livro, "Os 30 - A Vida Nunca É Como Sonhámos", que a tornou a primeira autora portuguesa a fazer parte do top 100 mundial da Amazon e que me deixou com imensa curiosidade para ler mais de Filipa Fonseca Silva. 

À primeira vista Vanessa tem uma vida normal, até com muita sorte: tem um marido apaixonado, uma filha adorável, um emprego estável, uma melhor amiga dedicada. Porém ela não está feliz com essa vida, porque sempre viveu em função do que os outros queriam e que esperavam que ela fizesse. Não queria casar nem ser mãe tão cedo, não se sente com talento para a maternidade, sofre com as intransigências da sua mãe e não tem coragem para dizer que a amizade  que a faladora e arrivista Diana tem por ela não é recíproca. Além disso, o ambiente do seu trabalho é péssimo, do chefe incompetente e déspota à colega pidesco-queixinhas. Tudo isto leva a que no início do ano, após um dia cheio de situações difíceis, Vanessa cometa um erro que a leva a ser condenada em tribunal a quarenta sessões de terapia. Mas ao fim de três meses, ela acredita que não só continua com os mesmos problemas como o psicólogo não lhe está a ajudar em nada. Por isso, resolve num momento de impulso deixar tudo e passar o fim de semana a casa da sua tia hippie. Esse será a primeira de muitas decisões que vão virar a vida de Vanessa ao avesso, mas que lhe dará a oportunidade de pela primeira vez, ser ela a tomar as rédeas da sua vida. Por entre avanços e recuos, situações tristes e caricatas, revelações e mal-entendidos, além da descoberta de um antigo segredo de família, vamos acompanhando este louco ano de Vanessa.

O melhor que posso dizer do livro é que comecei a lê-lo na viagem de regresso da Feira e não descansei enquanto não o acabei. Mais uma vez adorei a escrita fluída e cativante da autora e o humor que já tinha apreciado tanto em "Os 30". As situações tristes e cómicas vão-se alternando de forma equilibrada e ajudam a criar empatia com a protagonista, ao mesmo tempo que nos faz pensar sobre assuntos como as relações familiares, as imposições da sociedade, os sonhos perdidos ao longo da vida e outros que se podem encontrar.   

domingo, 29 de maio de 2016

"Amor Cruel / Ugly Love" Colleen Hoover


Título em Portugal: Amor Cruel
Autora: Colleen Hoover
Editora: TopSeller

Colleen Hoover é uma das autoras do momento e este livro era de longe aquele que tinha mais interesse em ler de entre todos os publicados em Portugal. No entanto, devido à lei do preço fixo que impede descontos superior a 10% ou abates do pagamento em cartão a livros com menos de 18 meses de publicação, pensava que iria esperar algum tempo até conseguir lê-lo.
No entanto, a Joana Xisto, mais conhecida como Joca, autora do canal de YouTube "Little House Of Books", pôs à venda o exemplar dela em inglês e não perdi a oportunidade de adquiri-lo. E o facto de ser em inglês não foi entrave nenhum ao ritmo da minha leitura, bem pelo contrário.

"Amor Cruel" e "Ugly Love" conta a história de Tate Collins e Miles Archer: ela é uma estudante de enfermagem que se muda de San Diego para o apartamento do seu irmão para arranjar trabalho e prosseguir os seus estudos, ele é um piloto da mesma linha aérea do irmão dela, de quem é amigo e vizinho. Apesar de um primeiro encontro bastante atribulado entre ambos, entre Miles e Tate rapidamente surge uma atracção física inegável e imediata. Por isso, os dois concordam em formar uma relação baseada apenas em sexo casual onde Miles estabelece duas regras: nada de perguntas sobre o seu passado e nada de esperanças quanto a um futuro. Aparentemente, parece a relação casual e desprendida perfeita, não fosse o desejo de Tate de que haja algo mais e em descobrir o segredo por detrás daquele jovem homem tão frio e fechado em si mesmo.
No livro, os capítulos alternam entre o ponto de vista de Tate no presente e o de Miles no passado, seis anos antes, que explicam os acontecimentos as suas atitudes actuais.

Apesar de achar a história muito previsível e por vezes demasiado dramática, percebi porque é que há tanta gente a gostar de Colleen Hoover, a sua escrita é de facto viciante e consegue agarrar o leitor mesmo com uma história bastante previsível e com vários clichés. Uma das principais críticas do livro é ter muito sexo, mas sinceramente não achei essa parte exagerada de todo, até achei relevante e na dose certa. Também achei piada a certos elementos da diagramação (como os capítulos do Miles terem o texto centrado, como se fossem um poema, para ilustrar o facto de estar apaixonado). Mas no geral, uma leitura extremamente agradável.


sábado, 7 de maio de 2016

"A Caminho De Casa" Fabio Volo



Título: A Caminho De Casa
Autor: Fabio Volo
Editora: Presença

Como ainda não chegou cá mais nenhum livro do Fabio Volo, resolvi reler "A Caminho De Casa", o seu mais recente livro publicado em Portugal. 

"A Caminho De Casa" conta a história dos irmãos Bertelli, Andrea e Marco, ambos marcados pela doença e morte da mãe quando eles ainda eram adolescentes. Andrea, o mais velho, é o tipo certinho, que cumpre sempre as regras e que quer sempre agradar aos outros. Marco, o mais novo, é o rebelde, instável e mulherengo, que sempre gostou de desafiar tudo e todos. Andrea é engenheiro e o seu aparentemente perfeito casamento com Daniela desmoronou-se. Marco vive em Londres, onde gere um restaurante italiano, já que a cozinha foi um dos seus poucos interesses duradouros. 

Um acidente do pai de ambos, Luigi, obriga ao reencontro dos dois irmãos que cedo descobrem que o acidente está relacionado com deterioração rápida da saúde física e mental do pai. Enquanto tratam do pai, os dois também enfrentam problemas com mulheres: Andrea vive uma nova paixão com Irene, uma colega de trabalho, mas um encontro casual com Daniela cria-lhe novas expectativas; Marco reencontra Isabella, a namorada da adolescência e a única mulher que verdadeiramente amou, recentemente divorciada e regressada a Itália, mas apesar da intensa renovação da paixão, ele hesita em arriscar numa relação com ela.

Mas a principal relação é a dos dois irmãos, desavindos desde a morte da mãe e que a doença do pai vai ajudar a reuni-los, a descobrirem-se um ao outro, a eles próprios e ao pai de ambos e a perceberem que sob todas as desavenças e ressentimentos, um forte laço de amor une aqueles três homens. 

Ao contrários dos outros três livros que já li do autor, que são narrados na primeira pessoa, "A Caminho De Casa" é narrado na terceira pessoa, o que ajuda a compreender bem várias personagens, não só Andrea e Marco, mas também o pai, a mãe, Isabella e Irene, enquanto nos outros livros, a visão das outras personagens estava sempre limitada à perspectiva do protagonista. Fora essa diferença, tudo o que adoro na escrita de Fabio Volo está lá: a linguagem crua mas sincera e fraterna, a abordagem sensível ao universo masculino e um profundo conhecimento do universo feminino. 
Quando li pela primeira vez, lembro-me de achar a primeira metade do livro algo deprimente e só começar a gostar a sério a partir da segunda metade, mas nesta releitura não achei tanto assim e adorei de ponta a ponta. 

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Instantes de Estantes #3

Eis mais algumas leituras que eu fiz nos últimos tempos




"Asas de Ser" António Francisco Sá Nogueira (Chiado Editora): Mais um livro que recebi através da parceria com a Chiado Editora. Trata-se de um conjunto de poemas e pequenos textos da autoria deste autor de Santarém. Não sou muito de ler textos de reflexões filosóficas mas foi uma leitura simpática.
Os textos que eu gostei mais foram "Eu sei que é cultura, mas...", "Cicatrizes e sinais do tempo", "Tortas linhas" e o poema "Magia da simplicidade.




"Felizes Para Sempre" Nora Roberts (Chá das Cinco/Saída de Emergência): Eu não sou daqueles leitores que fazem questão de ler as séries por ordem, por isso depois de ter começado com o segundo volume da tetralogia das noivas, passei directamente ao quarto e último. Em "Felizes Para Sempre", temos a história de Parker Brown e Malcolm Cavanaugh, cuja tensão já se fizera notar no segundo volume. Juntamente com as suas três amigas, Parker tem um negócio de organização de casamentos na mansão que pertence à sua família, sendo ela a responsável pela parte de gestão e logística da empresa, garantindo que tudo corre bem até ao mais pequeno pormenor. Malcolm tem também um negócio próspero com a sua oficina de automóveis e já faz algum tempo que faz parte do círculo de amigos de Parker. Sempre pronto para um desafio e curioso quanto a saber como funcionam as coisas, Malcolm decide descobrir como é que aquela bela e meticulosa jovem mulher, sempre empenhada em controlar tudo, funciona. E sobretudo em como fazê-la perder o controlo.
Por muito cookie cutter que seja a sua escrita e não traga de novo, ler Nora Roberts é sempre uma delícia.




"União" Ally Condie (1001 Mundos): Imaginem um mundo onde tudo é decidido por vós: o que comem, onde vão trabalhar, com quem vão casar, quando irão morrer. Um mundo onde só existem cem canções para serem tocadas, cem poemas para serem recitados, cem histórias para serem contadas, cem quadros para serem vistos. 
É nesse mundo, designado como a Sociedade, que vive Cassia Reyes, uma jovem de dezassete anos que nunca teve razões para questionar esse mundo. Ainda para mais quando lhe é anunciado que a sua União - aquele com quem deverá casar - é o seu melhor amigo Xander, algo raro pois normalmente é raro que a União seja alguém conhecido.

Mas ao ver a sua ficha de União, por breves momentos, surge também outro rosto. Trata-se de Ky, um rapaz que ela conhece vagamente e que tem o estatuto de Aberração, pelo que vive à margem na Sociedade e não poderia ser a União de ninguém. Devido a esse incidente, ela aproxima-se de Ky e dá por si a sentir emoções que nunca experimentou. Tudo isso e mais um segredo confiado pelo seu avô antes de morrer, levam Cassia a questionar a Sociedade em que sempre viveu e a aperceber-se que aos poucos grandes mudanças estão a acontecer e que ela e a sua família estarão no centro de uma revolução. Embora ache que a autora não explorou muito bem toda esta ideia distópica, foi uma leitura agradável. 

sábado, 2 de abril de 2016

"Viver Depois De Ti" Jojo Moyes



Título: Viver Depois De Ti
Autora: Jojo Moyes
Editora: Porto Editora

Já tinha ouvido falar vagamente neste livro e já sabia da obra desta autora, mas nunca me suscitou muito interesse até que certo dia no YouTube, eu pesquisava uma música do novo álbum da Sia chamada "Broken Glass" e descobri um vídeo dessa música feito com imagens do trailer do filme que adaptava o livro. Daí fui para o trailer propriamente dito e fiquei com vontade não só de ver o filme (que deve estrear em Junho) como de ler o livro. Felizmente que não estava abrangido pela lei do preço fixo e pude comprar na Note com abatimento no cartão Continente. 

Louisa Clark é uma jovem de 26 anos que sempre viveu numa pequena vila inglesa, numa existência sem grande história. Vive com os pais, o avô, a irmã mais nova (em relação à qual sempre se sentiu inferiorizada) e o filho desta e namora há vários anos com Patrick, numa relação que perdura mais por hábito do que por qualquer outra razão. Quando Lou perde o seu emprego, a situação económica da família complica-se porque o pai está na iminência de ser despedido e a irmã ganha muito pouco no seu trabalho e pretende continuar os estudos que interrompeu após a gravidez. Por fim, ela consegue emprego a cuidar de Will Traynor, um homem de 35 anos que ficou paralisado devido a um acidente. A princípio, Will revela-se um indivíduo amargo e intratável, mas aos poucos os dois vão se aproximando e criando um inesperado e forte laço. Mas será que esse sentimento que os une será suficiente contra um destino inevitável, já que não existem quaisquer esperanças de recuperação e com a situação de Will a piorar cada vez mais?

Para ir directo ao assunto, este é até agora o melhor livro que li em 2016. A escrita de Jojo Moyes é extremamente cativante e fluída e foi muito difícil deixar de ler. Os protagonistas estão muito bem construídos e consegue-se entender bem o ponto de vista e as motivações de cada um e as outras personagens secundárias estão também fantásticas, sobretudo o Nathan, o enfermeiro neo-zelandês que presta os cuidados médicos a Will, os pais de Will e o pai e a irmã da Lou. (Só não consegui gostar do Patrick nem por nada nem da mãe dela na recta final do livro). Embora a maioria dos capítulos sejam narrados pelo ponto de vista da Lou, alguns capítulos oferecem a perspectiva de outras personagens, o que ajuda a compreendê-las melhor. 

Mas o principal mérito de "Viver Depois De Ti" é a forma como aborda tantos temas impactantes, não só o principal (que não vou dizer porque é spoiler), mas também as diferentes dinâmicas familiares, o desemprego e as dificuldades na qualidade de vida dos deficientes motores, num mundo cheio de barreiras arquitectónicas e sociais, tudo isto com uma grande dose de humanidade, de forma comovente e tocante,  mas sem nunca cair num tom triste e depressivo, aliás fazendo surgir algum toque inesperado de humor aqui e ali. Recomendo vivamente este livro e que não esperem pela estreia do filme.    

         

segunda-feira, 21 de março de 2016

"Espero Por Ti" Jennifer Armentrout



Título: Espero Por Ti
Autora: Jennifer Armentrout (originalmente como J. Lynn)
Editora: 5 Sentidos (Porto Editora)

Lendo a sinopse deste romance "new adult" de Jennifer Armentrout, pensei que estava perante mais uma história de "rapariga tímida e rapaz popular apaixonam-se", uma história recorrente deste género. E estava certo. No entanto...

Em "Espero Por Ti", temos a história de Avery Morgansten, uma jovem de 19 anos que cinco anos antes foi vítima de um acto brutal. Como se isso por si só não bastasse, teve que suportar insultos e desprezos na escola e a frieza dos pais, mais preocupados com as aparências e a condição social do que no bem estar da filha, nos cinco anos seguintes. 
Por isso não admira que Avery tenha decidido frequentar uma universidade longe de casa para um novo recomeço. Logo no primeiro dia, esbarra literalmente contra Cam Hamilton, um atraente e bem-disposto rapaz, um acidente que a deixa terrivelmente embaraçada. Porém, Avery e Cam tornam-se amigos e aos poucos a amizade torna-se em algo mais. 
E à medida que a relação entre os dois torna-se mais séria, Avery vê-se confrontada com os demónios do seu passado que a impedem de confiar nos outros, até porque continua a receber insultos misteriosos no telefone e por e-mail. Mas esses medos podem significar perder a oportunidade de viver um amor e de sarar as suas feridas. Por seu turno, Cam também guarda um segredo que hesita em revelar. 

Como já referi, parece uma típica história "new adult", mas no entanto gostei muito mais do que eu pensava que iria gostar, ao ponto de ficar preso e não querer parar de ler. E se um livro consegue isso de mim, é porque tem algum valor. A escrita da autora, ainda que não seja super-extraordinária, é bastante cativante e a construção dos protagonistas foi bastante sólida. Consegui entender as atitudes e as hesitações da Avery embora nem sempre concordasse com ela e achasse que ela fazia muitas tempestades em copos de água (há então uma atitude dela que me irritou muito, que exagero!), mas tendo em conta o que ela passou, é compreensível. Eu pensava que o Cam iria ser um protagonista masculino super perfeito e idealizado, tipo o Andrew Parrish de "Entre O Agora E O Nunca", mas não chegou a tanto, já que por vezes é bastante presunçoso e convencido. Mas adorei como ele apoiou a Avery apesar de todos os passos atrás dela. 

Apenas dois reparos negativos: primeiro, achei que os outros amigos da Avery, a Brittany e o Jacob foram demasiado unidimensionais e não saindo do cliché da típica amiga extrovertida e do amigo gay exuberante. Gostaria de ter visto alguns momentos mais profundos entre ambos, ou que a Avery fosse um bocado mais aberta com eles. 
E segundo, não se compreende todo a bolinha vermelha no canto da capa, já que não se pode dizer que seja um romance erótico. (Se for, então o que se há de dizer de "50 Sombras de Grey" ou "Rendida"?) Embora a sensualidade esteja sempre presente, a relação íntima entre os protagonistas é bastante lenta e gradual (algo que até é apreciável) e o conteúdo sexual não é maior do que, por exemplo, em livros de Nora Roberts.

Resumindo, uma agradável surpresa. É pena que não se tenha publicado mais livros desta série em Portugal.          

quarta-feira, 16 de março de 2016

"O Jogo Da Glória" Paula Luiz



Título: O Jogo Da Glória
Autora: Paula Luiz
Editora: Chiado Editora

Continuando a parceria deste blogue com a Chiado Editora, venho falar de hoje do livro "O Jogo Da Glória" de Paula Luiz. A autora é sobretudo conhecida como actriz, sobretudo em telenovelas como "Olhos de Água", "Anjo Selvagem" e actualmente pode ser vista em "Os Nossos Dias", pelo que esta é a sua estreia em literatura de ficção. 

Laura Matias é uma jovem que aceita o desafio da World Trade Paper, uma misteriosa organização secreta ligada à Ordem dos Templários, para fazer uma viagem espiritual onde terá de decifrar vários enigmas e lançar-se numa auto-descoberta. Uma viagem que a levará a locais como Cidade de Barcelona na Venezuela, Roma, Paris, Dubrovnik, Split, Roma, Veneza e Madrid onde vai ter de responder aos desafios propostas, com a ajuda de José Carvalho, um professor de Filosofia que Laura escolhe como seu ajudante. Porém, existem pessoas que não querem que Laura complete esta viagem e que são capazes até dos piores intentos. Porque é que a sua tia Aurora é contra esta viagem? Que papel têm as suas primas Clara e Cláudia nisto? Será que Marco, o luso-alemão que se cruza no seu caminho, significará a descoberta do amor ou de um perigo iminente? 

Gostei bastante da acção, das descrições dos locais, de não saber bem quem são os inimigos e os aliados da protagonista e esses são o principais méritos do livro. O meu principal problema foi que faltou em certos momentos alguma fluidez à escrita, acho que por vezes dispersava nas descrições e nas reflexões espirituais e fazia-me perder o fio à meada. Mas sem dúvida que foi uma boa leitura.     

terça-feira, 8 de março de 2016

"A Bela E Os Lobos" Alexa L.D.


Título: A Bela E Os Lobos
Autora: Alexa L.D.
Editora: Chiado Editora

Continuando a parceria deste blogue com a Chiado Editora, chegou-me às mãos o livro "A Bela E Os Lobos" da autoria de Alexa L.D. Uma história de aventura e sobrenatural que, pressupõe-se, seja o primeiro volume de uma série sobre um mundo onde reinam os licantropos.

Helena Rengel é uma jovem que cresceu na cidade de Kalib, durante vários anos, o único reduto humano imune aos ataques dos Lycan. Mas de repente, um inesperado ataque Lycan não só destrói tudo o que Helena conhecia e amava como torna-se alvo dos desejos selvagens de dois líderes Lycans. Shane é possessivo, cruel, autoritário e dominador mas Kyrian parece ser ainda pior. Arrastada para um mundo de violência e opressão, Helena está disposta a tudo para lutar pela sua vida e escapar a um terrível destino. 

Posso dizer que o livro surpreendeu-me em alguns aspectos. Eu pensava que ia ser uma história de amor entre uma rapariga e um lobisomem, mas afinal não é bem assim. A história principal é a luta de Helena pela sua sobrevivência num mundo onde está tudo contra ela, descobrindo da sua força e coragem. Embora exista uma ligação a Shane, esta ainda não é muito aprofundada neste primeiro livro, e foi interessante a autora não ter caído na tentação de o transformar num príncipe encantado, optando por mantê-lo essencialmente como a besta selvagem, que causa mais medo em Helena do que qualquer outro sentimento. O único Lycan digno da simpatia de Helena e do leitor é Seiden, que tem como missão proteger Helena antes da sua união. 

A minha principal crítica é que por vezes a história por vezes tornava-se bastante angustiante, com poucos momentos de alívio para libertar um bocado a tensão, o que pode ser algo cansativo.
Embora ainda com algumas arestas por limar, a escrita da autora é bastante fluida e eficaz, deixando-me na expectativa sobre o que iria acontecer a seguir e com vontade de ler a continuação.


quinta-feira, 3 de março de 2016

"Anjo Mecânico" Cassandra Clare


Título: Anjo Mecânico
Autora: Cassandra Clare
Editora: Planeta

Tinha curiosidade em ler algo no género do fantástico e optei por ler algo de Cassandra Clare, autora afamada pela sua trilogia "Os Instrumentos Mortais".
"Anjo Mecânico" é o primeiro livro da trilogia "Caçadores de Sombras - As Origens", cuja acção se passa na Londres do século XIX. Após a morte da tia que a criou na América, a jovem Tessa Gray parte para Inglaterra para se reunir com o seu irmão, mas mal chega a Inglaterra é raptada por duas bruxas, as Irmãs Escuras, que a forçam a exercitar um talento que ela não sabia que tinha: a capacidade de se transformar noutra pessoa. 
Salva por Will Herondale, um Caçador das Sombras, Tessa passa a viver no Instituto, o local-sede dos Caçadores de Sombras, dirigido por Charlotte Branwell. Além de se ver confrontada com uma nova realidade, onde demónios, vampiros e bruxos convivem num mundo à parte, Tessa desespera por salvar o seu irmão e para escapar às garras dos servidores do Magister, que pretende unir-se a ela para os seus cruéis intentos. 
Como se isso não bastasse, Tessa começa a nutrir fortes sentimentos por Will, que se mostra ora afectuoso e protector, ora cruel e distante, embora também não seja indiferente a Jem, o outro jovem Caçador de Sombras. 

Gostei deste mundo-à-parte na Londres vitoriana, gostei da ideia e dos momentos de acção, mas para ser sincero a história não me prendeu tanto como gostaria. Não sei bem dizer porquê, achei certas partes muito angustiantes e nenhuma personagem me cativou por aí além, excepto talvez Tessa. Talvez devesse ter lido algo de "Os Instrumentos Mortais" antes para apreciar mais esta série. Em teoria, está tudo bem, a escrita, o ritmo, o mistério, mas por razões que eu não sei bem explicar, não foi bem aquilo que esperava e soube-me tudo a pouco.  

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Instantes de Estantes #2

Eis mais algumas leituras recentes:



"Todos Os Nomes" José Saramago (Caminho): Era uma vergonha para mim ainda não ter lido nada do nosso Prémio Nobel, José Saramago. Por fim colmatei essa lacuna ao ler "Todos Os Nomes", um romance publicado pela primeira vez em 1997, precisamente o último antes de José Saramago receber o Nobel em 1998. "Todos Os Nomes" conta a história do Sr. José (que, apesar do título, é a única personagem que tem nome), um discreto auxiliar de escrita da Conservatória do Registo Civil que se lança numa perigosa e inexplicável demanda sobre a identidade de uma mulher cujo verbete certo dia vai parar às suas mãos. Pelo meio, fala-se da burocracia, da exploração laboral e daquilo que separa o nosso eu dos outros. Teve os seus momentos chatos e arrastados, mas em geral a leitura deste livro foi uma experiência positiva. Gostei sobretudo do capítulo em o Sr. José assalta uma escola.      



"The MacKade Brothers: Devin & Shane" Nora Roberts (Silhouette): o terceiro e quarto volume da tetralogia dos Irmãos MacKade de Nora Roberts. Em "The Heart Of Devin MacKade", Devin, o terceiro irmão, o xerife da cidade, ajuda Cassie Connor, por quem sempre nutriu uma paixão, a recuperar de um casamento marcado pela violência doméstica. Para além das feridas abertas do passado sofridas por Cassie e pelos seus dois filhos, paira a ameaça do ex-marido que se comporta como um prisioneiro exemplar mas que Devin sabe que ele congemina uma cruel vingança. Em "The Fall Of Shane MacKade", Shane, o irmão mais novo, ao contrário dos irmãos já casados e a constituir família, pretende manter a sua vida solitária a tratar da quinta dos pais e ter as suas conquistas fortuitas. Mas eis que surge Rebecca Knight, uma amiga da sua cunhada Regan, que pretende estudar os fenómenos paranormais das redondezas. Esta pesquisa também serve para Rebecca deixar de vez os seus problemas de auto-estima e para fazer algo por si própria. Entre os dois surge uma inevitável de atracção mas entre o medo de Shane de se entregar e a tendência de Rebecca para racionalizar tudo, será que o amor pode vencer? Palavras para quê, Nora Roberts nunca desilude. A história do Devin é um pouco melhor.



"Primeiro Amor" James Patterson com Emily Raymond (Topseller): Apesar de ainda não ter lido nada da vertente policial de James Patterson e nunca me ter satisfeito com a sua vertente romântica, resolvi dar mais uma oportunidade. "Primeiro Amor" conta a história da jovem Axi Moore que, desejando ver mais da vida, deixar de ser uma menina certinha e escapar a um quadro familiar decadente, decide deixar tudo e viajar pela América, acompanhada por Robinson, o amigo por quem está secretamente apaixonada. Uma viagem marcada desde logo pela transgressão, com os dois partirem numa mota roubada. Porém aquilo que ao início parece ser uma aventura de auto-descoberta e talvez o despertar de um romance, acaba por ser uma dramática corrida contra o tempo. Mais uma vez em Patterson, uma boa escrita, boa história, bom ritmo, mas um resultado bastante formulaico e estandartizado. A certa altura parecia que estava a ler um misto de "Entre O Agora E O Nunca" e "A Culpa É Das Estrelas" (o protagonista masculino parece mesmo uma fusão do Andrew Parrish e do Augustus Waters). Foi uma boa leitura, mas que não me emocionou tanto como deveria.     


 

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O Livro ou o Filme (#5): As Cinquenta Sombras de Grey


Autora: E.L. James
Editora: Lua de Papel


Realização: Sam Taylor-Johnson
Argumento: Kelly Marcel
Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Marcia Gay Harden, Max Martini, Eloise Mumford

Creio que não vale a pena explicar a história pois mesmo quem nunca leu o livro ou viu o filme saberá mais ou menos a história. E vou ser assaz directo quanto ao veredicto: na minha opinião, o filme, não sendo excelente, é bastante melhor que o livro. Sim, podem dar-me com a chibata. 

Eu li "As Cinquenta Sombras De Grey" (ainda só o primeiro volume)  na biblioteca e concordo com as principais críticas apontadas: a escrita rudimentar, fraca construção dos protagonistas e o raio da Deusa Interior não se aguenta de tão irritante. No entanto, também entendo como o livro tornou-se um caso de algo tão mau, tão mau que dá a volta e fica interessante. Existe uma ideia que tem o seu interesse, o problema é que poderia ter sido muito melhor desenvolvida. (O facto de ter começado como fan fiction não ajudou.)
E pelo menos, serviu para demonstrar que o grande público tinha interesse em ler livros de temática sexual sem ser julgado por isso. E concordo que o sexo, em todas as suas vertentes, é um tema bastante válido para ser explorado na literatura.       

Posto isto, achei que a adaptação do filme está bem conseguida, dada a matéria-prima. Dificilmente poderia sair algo melhor partindo de onde partiu. Existem quatro factores em particular que me fizeram apreciar o filme. 
Primeiro, porque embora tivesse, admito, bastante curiosidade em ver o filme, tinha ido com as expectativas muito em baixo. Talvez por não estar à espera de grande coisa, acabei por ser surpreendido. Achei que houve um esforço para conferir alguma dignidade à história, para evitar a vulgaridade e de facto achei que a abordagem não foi vulgar. Embora as cenas de sexo tenham estado no limite résvés do que um filme de Hollywood pode permitir, não é de todo território pornográfico.
Segundo, porque resolvi encarar o filme como uma comédia. A partir da cena em que Anastasia cai no escritório de Christian, resolvi olhar para a história em busca de elementos cómicos e existem bastantes, pelo menos nos dois primeiros terços do filme. Também acho que o filme também procurou explorar essa vertente de humor, além de algumas analogia a Crepúsculo, por razões óbvias. 
Terceiro, gostei muito mais da Anastasia do filme do que da Anastasia do livro. Além de não ser irritante, a Anastasia Steele encarnada por Dakota Johnson deixa bem claro que é frágil e ingénua e não fraca e ignorante. Johnson esforça-se por mostrar tanto a vulnerabilidade e o desejo da protagonista como a sua força interior e que ao longo da história, o poder vai passando gradualmente de estar todo nas mãos de Grey para estar sobretudo nas mãos de Anastasia.
Quarto, os aspectos técnicos estão muito bons: a cenografia, os décors, o guarda-roupa, mas sobretudo a fotografia, em especial no jogo entre as cores neutras (branco e o inevitável cinzento) com cores mais quentes, e a banda sonora. Não só as canções estão bem escolhidas (Ellie Goulding, Sia, Beyoncé, Vaults, Annie Lennox, Awolnation) como cada uma ilustra bem a cena onde é utilizada, o mesmo se sucedendo com a partitura de Danny Elfman.

Entre os aspectos menos positivos, gostei menos do desempenho de Jamie Dornan com Christian Grey. Na minha ideia, creio que a personagem devia ter sido mais intimidativa e achei o desempenho de Dornan demasiado, digamos, simpático e também acho que poderia ter sido mais expressivo na sua inexpressividade (porque por vezes a ausência de emoção pode também ser uma emoção). Só na sequência final e na cena em que faz uma revelação do passado é que Dornan esteve melhorzito.  
Nenhum dos actores secundários se destacou para mim, à excepção em certos momentos de Eloise Mumford no papel de Kate e de Max Martini como Taylor, o motorista. 
Também acho que química entre Dornan e Johnson não é avassaladora, apenas a suficiente para resultar e que as cenas envolvendo práticas de BDSM teriam sido melhores se tivessem tido um pouco mais de seriedade, sobretudo a primeira pareceu-me demasiado brincalhona.

Por isso, e pelo que já referi está claro. Por mim, a versão em filme de "As Cinquenta Sombras de Grey" é a versão superior.                




sábado, 23 de janeiro de 2016

"A Hora Mágica" Kristin Hannah


Título: A Hora Mágica
Autora: Kristin Hannah
Editora: Bertrand

Recebi este livro no Natal como presente do meu irmão. Eu já tinha ouvido falar desta autora mas nunca tive curiosidade em ler algo dela, porém este foi um óptimo começo. 

Em "A Hora Mágica", conta-se a história de uma menina de seis anos que é encontrada numa floresta do estado de Washington. A menina revela capacidades invulgares como subir rapidamente às árvores mas não parece ser capaz de comunicar, o que dificulta saber a sua identidade. Mas o pior é que ela traz consigo marcas de violenta tortura. Na esperança de conseguir descobrir mais sobre a pequena, Ellie Barton, a chefe da polícia da pequena cidade onde ela foi encontrada, pede ajuda à sua irmã, Julia.

Julia Cates era uma famosa pedopsiquiatra em Los Angeles mas a sua carreira é arruinada devido a um terrível acontecimento: uma das suas pacientes matou quatro colegas, suicidando-se depois e os media e as famílias das vítimas atacaram Julia como sendo a responsável por isso. Por isso, Julia não hesita em aceitar o pedido da irmã e regressar à terra natal para tentar perceber o que se passa com a menina selvagem e libertá-la da prisão do medo que a assola. Aos poucos, Julia vai ganhando a confiança da rapariga, a quem é dado o nome de Alice e as duas formam uma ligação muito especial que acaba por se assemelhar à de mãe e filha.
Além de Alice, Julia acaba também por fortalecer a relação com Ellie, após tanto tempo em que as duas irmãs estiveram afastadas e além das diferenças entre as duas que sempre impediram a proximidade entre ambas, e por aceitar, apesar das suas imensas reservas, o interesse de Max Cerrasin, o atraente médico do hospital local, também ele com inconfessáveis feridas do passado.
Mas quando a verdadeira de identidade de Alice é finalmente descoberta, Julia vê-se confrontada com um doloroso dilema.

Como já disse, foi uma boa iniciação na obra de Kristin Hannah. Já ouvi dizer que a obra dela é um bocado "hit and miss", tem uns livros muito bons e outros algo fracos, mas "A Hora Mágica" faz parte dos primeiros. A única coisa que achei menos positiva foi que algumas descrições como a da floresta foram demasiado longas. De resto, a história prendeu-me bastante, fazendo-me sentir à vez as frustrações de Julia para tentar comunicar com Alice e os medos que ainda atemorizam Alice muito depois da sua fuga. Aliás, as minhas passagens preferidas eram aquelas narradas pelo ponto de vista de Alice. Mas gostei também das outras personagens como Ellie (é giro vê-la a ser tão perspicaz no que toca aos outros e tão ignorante no que toca a ela), os seus ajudantes policiais Cal e Peanut, e Max.

Por esta história de amor fraterno e redenção e por ter sido um presente do meu irmão, posso afirmar que "A Hora Mágica" foi um dos meus melhores presentes deste último Natal.     

  

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O Livro ou O Filme? (#4): Orgulho e Preconceito


Título: Orgulho e Preconceito
Autora: Jane Austen
Editora (do exemplar que eu tenho): Book It


Realização: Joe Wright
Argumento: Deborah Moggach
Elenco: Keira Knightley, Matthew McFaydden, Donald Sutherland, Brenda Blythen, Rosamund Pike, Carey Mulligan, Tom Hollander, Simon Woods, Rupert Friend, Judi Dench 

Eis um regresso a esta rubrica, desta vez para analisar a adaptação do clássico de Jane Austen, "Orgulho E Preconceito", porventura a obra mais famosa da escritora britânica. Até porque o exemplar do livro, uma edição económica da Book.It (actual Note) que eu possuo tem na capa a foto do cartaz do filme.

A história de "Orgulho e Preconceito", publicada pela primeira vez em 1813 é sobejamente conhecida e por isso vou resumi-la ao máximo: Elizabeth é a segunda de cinco filhas do casal Bennet, uma família da pequena burguesia rural inglesa. Uma vez que não tiveram um filho varão que possa herdar as terras da família, a Sra. Bennet vive em constante desespero para ver as filhas casadas, já que não poderão herdar nada. Charles Bingley, um jovem cavalheiro que se instala na redondezas, fica logo interessado em Jane, a filha mais velha, ao passo que o seu amigo Fitzwilliam Darcy deixa má impressão, sobretudo em Elizabeth. Envolvidos no meio de uma rede de mal-entendidos, Darcy e Elizabeth vão-se chocando até que por fim descobrem que a animosidade mútua se transformou em amor.

É fácil de perceber porque é que a obra continua a fascinar leitores mais de dois séculos depois. A obra de Austen notabiliza-se por uma escrita acessível, uma intriga cativante e uma subtil crítica aos costumes da sociedade inglesas do início do século XIX. Dito isto, não foi uma leitura muito fácil para mim, demorei um pouco a ligar-me à história, a identificar as muitas personagens e achei que havia algumas semi-contradições na descrição de personagens como por exemplo o Sr. Bennet e Lydia. (Mas talvez seja da tradução do exemplar, não sei). E também demorei algum tempo a gostar da Elizabeth: para uma rapariga tão astuta, achei-a demasiado repentina e selectiva nos seus julgamentos. E de quem não gostei nada foi da Sra. Bennet, percebe-se a aflição mas que mulherzinha mais histérica e superficial! Porém, na segunda metade do livro, a leitura foi mais agradável e fiquei vontade de ler mais de Jane Austen. (Tenho "A Abadia De Northanger", já li mais ou menos metade, mas por vários motivos, continua há muito tempo estacionado). 

Entre as várias adaptações da obra, destaca-se a da série da BBC de 1995 com Colin Firth no papel de Darcy. Diz-se que essa série (que não vi) será melhor e mais fiel ao livro, mas sou da opinião de que o filme de 2005 realizado por Joe Wright está também bem conseguido. Primeiro porque foi feito sobretudo para cativar os espectadores de cinema e como tal, recorre mais à linguagem cinematográfica do que à linguagem literária para contar a história. Segundo, porque a realização e o desempenho de todo o elenco impede o filme de cair na armadilha de se tornar algo demasiado xaroposo e incipiente. Terceiro, porque ao contrário da Elizabeth do livro, a Elizabeth encarnada por Keira Knightley (que foi nomeada para o Óscar) conseguiu cativar-me desde logo e Matthew McFaydden saiu-se bem a transmitir todas as contradições de sentimentos de Darcy que borbulham sob a sua pose aristocrática. Até Brenda Blythen tornou a sua Sra. Bennett mais divertida do que irritante. 



É claro que o livro tem mais que se lhe diga sobre a história mas acho que a inevitável condensação para o filme foi boa, pelo menos não achei que algo muito importante da história tenha ficado de fora. Porventura gostaria de ter visto alguma cena onde Mary, a irmã freak das Bennet e a personagem que por algum motivo mais me intrigou no livro, tivesse mais destaque. Também achei que certos planos embora bonitos artisticamente eram dispensáveis, como aquele em que Elizabeth olha-se ao espelho e forma-se um jogo de sombras à volta dela. Sim, a Keira Knightley é lindíssima e o seu rosto é sempre uma bela visão, mas talvez não fosse preciso tanto close-up dela.    

Claro que o livro é melhor, mas acho que o filme cumpre plenamente os seus objectivos: adaptar a história à linguagem cinematográfica e apresentar a obra a novas gerações.


terça-feira, 12 de janeiro de 2016

"Amo-te Como Eu Quero" João Firmino


Título: Amo-te Como Eu Quero
Autor: João Firmino
Editora: Chiado Editora

Outro livro que recebi no âmbito da minha parceria com a Chiado Editora, "Amo-Te Como Eu Quero" reúne um conjunto de crónicas e poemas, escritos entre 2010 e 2015, pelo autor, o escritor e músico João Firmino.

Trata-se de um conjunto de textos biográficos que revelam com sinceridade as lutas interiores do autor. Sendo este membro da comunidade LGBT, poder-se-ia pensar em primeira instância de que se iria abordar as dificuldades em sair do armário para assumir a sua orientação sexual e enfrentar os preconceitos sociais.  

No entanto, não é desse armário que este livro fala, mas sim de outros armários mais complexos e porventura mais angustiantes. E os temas abordados nas suas páginas são muito abrangentes e nos quais pessoas das diversas orientações sexuais se podem identificar: o amor não correspondido, a busca de uma identidade, os ciclos de esperanças e desilusões na vida e no amor, o sexo como forma de negação ou alternativa ao amor, a negação do amor e do desejo àqueles que já perderam a juventude.   

Foi uma leitura interessante, onde apreciei o tom intimista e franco do autor. Não gostei de todos os textos, alguns foram abstractos demais para o meu gosto pessoal. Gostei sobretudo daquele que dá título ao livro pelo seu jogo de espelhos ilusão/realidade e do último, "Obrigado Meu Amigo", onde o autor deixa transparecer que estará num lugar mais positivo da sua vida interior. 

domingo, 3 de janeiro de 2016

As minhas melhores leituras de 2015

Seis escolhas, por ordem aleatória:


"O Tempo Que Já Não Viverei" de Fabio Volo: dos quatro livros deste autor publicados em Portugal, só me faltava ler este. E uma vez mais, não me decepcionou e prendeu-me. Gostei ligeiramente mais dos outros três livros, mas ainda assim, óptima leitura. Ver opinião AQUI.



"Amei-te Em Copacabana" de Francisco Salgueiro: provavelmente o livro menos conhecido do autor, mas na minha opinião, um dos melhores. Adorei a viagem interior do protagonista e a abordagem desmistificadora à psicanálise. Ver opinião AQUI


"Lágrima" de André Pereira: um surpreendente início da parceria do meu blog com a Chiado Editora. Uma história simples mas profundamente comovedora. Ver opinião AQUI.


"Em Parte Incerta" de Gillian Flynn: mesmo já conhecendo o grande spoiler, uma leitura emocionante, mérito da escrita hipnótica da autora. Ver opinião AQUI.


"The Perks Of Being A Wallflower" de Stephen Chobsky: Adorei o filme e o livro foi um excelente complemento. Pena é que não haja edição portuguesa. Ver opinião sobre o livro e o filme AQUI


"Boycott - Stolen Dreams of the 1980 Moscow Olympic Games" de Tom e Jerry Caraccioli: dentro na não-ficção, claro destaque para este livro sobre os acontecimentos, causas e consequências do boicote americano aos Jogos Olímpicos de 1980 em Moscovo, enriquecido com os relatos na primeira pessoa de atletas que tiveram nesses Jogos a sua única oportunidade de realizar os seus sonhos olímpicos e que por razões políticas às quais eram totalmente alheios, foram impedidos de realizá-los na única oportunidade que tinham.