quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O Livro ou O Filme? (#4): Orgulho e Preconceito


Título: Orgulho e Preconceito
Autora: Jane Austen
Editora (do exemplar que eu tenho): Book It


Realização: Joe Wright
Argumento: Deborah Moggach
Elenco: Keira Knightley, Matthew McFaydden, Donald Sutherland, Brenda Blythen, Rosamund Pike, Carey Mulligan, Tom Hollander, Simon Woods, Rupert Friend, Judi Dench 

Eis um regresso a esta rubrica, desta vez para analisar a adaptação do clássico de Jane Austen, "Orgulho E Preconceito", porventura a obra mais famosa da escritora britânica. Até porque o exemplar do livro, uma edição económica da Book.It (actual Note) que eu possuo tem na capa a foto do cartaz do filme.

A história de "Orgulho e Preconceito", publicada pela primeira vez em 1813 é sobejamente conhecida e por isso vou resumi-la ao máximo: Elizabeth é a segunda de cinco filhas do casal Bennet, uma família da pequena burguesia rural inglesa. Uma vez que não tiveram um filho varão que possa herdar as terras da família, a Sra. Bennet vive em constante desespero para ver as filhas casadas, já que não poderão herdar nada. Charles Bingley, um jovem cavalheiro que se instala na redondezas, fica logo interessado em Jane, a filha mais velha, ao passo que o seu amigo Fitzwilliam Darcy deixa má impressão, sobretudo em Elizabeth. Envolvidos no meio de uma rede de mal-entendidos, Darcy e Elizabeth vão-se chocando até que por fim descobrem que a animosidade mútua se transformou em amor.

É fácil de perceber porque é que a obra continua a fascinar leitores mais de dois séculos depois. A obra de Austen notabiliza-se por uma escrita acessível, uma intriga cativante e uma subtil crítica aos costumes da sociedade inglesas do início do século XIX. Dito isto, não foi uma leitura muito fácil para mim, demorei um pouco a ligar-me à história, a identificar as muitas personagens e achei que havia algumas semi-contradições na descrição de personagens como por exemplo o Sr. Bennet e Lydia. (Mas talvez seja da tradução do exemplar, não sei). E também demorei algum tempo a gostar da Elizabeth: para uma rapariga tão astuta, achei-a demasiado repentina e selectiva nos seus julgamentos. E de quem não gostei nada foi da Sra. Bennet, percebe-se a aflição mas que mulherzinha mais histérica e superficial! Porém, na segunda metade do livro, a leitura foi mais agradável e fiquei vontade de ler mais de Jane Austen. (Tenho "A Abadia De Northanger", já li mais ou menos metade, mas por vários motivos, continua há muito tempo estacionado). 

Entre as várias adaptações da obra, destaca-se a da série da BBC de 1995 com Colin Firth no papel de Darcy. Diz-se que essa série (que não vi) será melhor e mais fiel ao livro, mas sou da opinião de que o filme de 2005 realizado por Joe Wright está também bem conseguido. Primeiro porque foi feito sobretudo para cativar os espectadores de cinema e como tal, recorre mais à linguagem cinematográfica do que à linguagem literária para contar a história. Segundo, porque a realização e o desempenho de todo o elenco impede o filme de cair na armadilha de se tornar algo demasiado xaroposo e incipiente. Terceiro, porque ao contrário da Elizabeth do livro, a Elizabeth encarnada por Keira Knightley (que foi nomeada para o Óscar) conseguiu cativar-me desde logo e Matthew McFaydden saiu-se bem a transmitir todas as contradições de sentimentos de Darcy que borbulham sob a sua pose aristocrática. Até Brenda Blythen tornou a sua Sra. Bennett mais divertida do que irritante. 



É claro que o livro tem mais que se lhe diga sobre a história mas acho que a inevitável condensação para o filme foi boa, pelo menos não achei que algo muito importante da história tenha ficado de fora. Porventura gostaria de ter visto alguma cena onde Mary, a irmã freak das Bennet e a personagem que por algum motivo mais me intrigou no livro, tivesse mais destaque. Também achei que certos planos embora bonitos artisticamente eram dispensáveis, como aquele em que Elizabeth olha-se ao espelho e forma-se um jogo de sombras à volta dela. Sim, a Keira Knightley é lindíssima e o seu rosto é sempre uma bela visão, mas talvez não fosse preciso tanto close-up dela.    

Claro que o livro é melhor, mas acho que o filme cumpre plenamente os seus objectivos: adaptar a história à linguagem cinematográfica e apresentar a obra a novas gerações.


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