quinta-feira, 22 de outubro de 2015

"Rendida" Sylvia Day


Título: Rendida
Autora: Sylvia Day
Editora: 5 Sentidos (Porto Editora)

Se devido ao sucesso de "50 Sombras de Grey", E.L. James foi promovida, algo simplisticamente, a nome principal do género de romance erótico, Sylvia Day é uma das autoras mais cotadas do género. A série Crossfire, inicialmente um trilogia, entretanto oportunistamente esticada para cinco volumes, tem sido comparada à trilogia de E.L. James (a quem Day agradece neste livro). Mas apesar das semelhanças como um protagonista masculino hipersensual, podre de rico, supercontrolador e com vários traumas, creio que são histórias diferentes. 

Neste primeiro volume, Eva Trammell é uma jovem de 24 anos que se muda de San Diego para Nova Iorque para conquistar a sua independência e fugir ao excessivo controlo da sua mãe e do seu padrasto, relacionado com um terrível acontecimento do passado. Assim que conhece Gideon Cross, o dono de um império bilionário que inclui o prédio onde fica a empresa onde Eva trabalha, nasce uma violenta atracção mútua que não tardam em explorar. Mas quando a relação fica mais séria, Eva e Gideon têm de lutar contra os fantasmas de ambos, do passado, do presente e do futuro, o que inclui os estranhos comportamentos nocturnos de Gideon. Além disso, Eva vê-se a braços com as atitudes voláteis de Cary, seu melhor amigo e colega de apartamento.

Embora tenha mantido o meu interesse na história ao longo do livro, por vezes achei que ela entrava muitas vezes em ritmo "pára-arranca", agora quero afastar-me, agora quero ficar. Eva passa a vida a dizer que não quer fugir dos problemas, mas essa é a sua reacção mais frequente. E tal como Grey, Gideon consegue ter os momentos creepy. Também achei que era algo escusado haver tanto sexo, algumas cenas dessas pareciam que só arrastavam a história. E devo dizer que mesmo sem abordar o sado-masoquismo, a carga erótica faz a de "50 Sombras de Grey" parecer algo moderada.

Dito isto, nota-se que a escrita de Sylvia Day é sólida, coesa e depurada, não se perdendo em descrições exageradas nem em reflexões desnecessárias. E mesmo não apreciando as personagens, consegui compreender as suas atitudes, mesmo as mais frustrantes, e as suas dúvidas. Também achei que houve uma boa medição da revelação dos mistérios, sempre na altura certa, não revelando tudo na recta final e deixando a curiosidade para o livro seguinte.       

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

"A Caminhar Para O Desastre" Jamie McGuire


Título: A Caminhar Para O Desastre
Autora: Jamie McGuire
Editora: Planeta

"A Caminhar Para O Desastre" é o segundo livro de uma dualogia da autora Jamie McGuire, cujo primeiro livro é "Um Desastre Maravilhoso" mas não se trata de uma continuação, mas sim a mesma história agora pelo ponto de vista do protagonista masculino. (Existe também uma novela, outra sobre o casal secundária e ainda uma nova série sobre os quatro irmãos do protagonista, sendo que três já foram publicados nos Estados Unidos). 

Travis Maddox é o bad boy de um campus universitário: temido por eles, desejado por elas, fora das aulas divide o seu tempo entre lutas clandestinas e conquistas de uma noite. Mas quando conhece a tímida e discreta Abby Abernathy, Travis dá consigo a sentir emoções que nunca sentiu antes. Abby também não é de todo indiferente a ele, mas conhecendo bem a sua reputação, faz tudo para distanciar-se de Travis. Até que lhe propõe uma aposta: se ele ficar um mês sem ter sexo, ela aceitará viver no apartamento dele durante um mês.
Durante esse período, a paixão entre Abby e Travis torna-se inegável, mas por entre os passos em falso dele e as indecisões dela, a relação é bastante volátil. Além disso, Abby guarda um segredo que a fez escapar da sua terra natal.   

Travis Maddox não é de todo um protagonista que gera muita empatia. É bronco, obcecado, farta-se de fazer asneira e tem atitudes de troglodita para baixo. (E sim, ele chamar a Abby de "pombinha" é super foleiro!) No entanto, mesmo não aprovando, de certo modo consegui entender as suas atitudes, bem como a sua confusão dos seus sentimentos e a constante inquietação de fazer algo que ela ache censurável. Aliás, talvez por não ter ainda lido o outro livro, foi a Abby que me irritou mais com as suas mudanças repentinas, "agora quero, agora não quero", não recuando perante algumas situações mais óbvias e recuando por causa de outras menos evidentes. Também achei o final muito apressado e estranhei a tragédia final ter sido tratada com alguma leveza.

Mas tirando isso, mesmo não adorando, foi uma leitura divertida e fiquei com curiosidade para ler o livro do ponto de vista da Abby. Gostei também de outras personagens como o casal amigo deles, America e Shepley, do pai e dos irmãos de Travis. O epílogo, que não está incluído no outro livro, mesmo com muitos clichés até está giro. Mesmo com as falhas apontadas, a escrita da autora é suficientemente eficiente para manter o leitor interessado na história.       

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

"Um Momento Meu" Paulo Caiado



Título: Um Momento Meu
Autor: Paulo Caiado
Editora: Marcador

Hoje abordamos o livro de um autor português.

O protagonista de "Um Momento Meu" de Paulo Caiado é Lucas, um homem na casa dos quarenta que após anos de felicidade familiar, vê o seu casamento com Diana chegar a um impasse. Ele acha que muitos dos seus sonhos estão ainda por cumprir e que está preso a uma rotina estagnada. Não que tenha deixado de amar Diana, pelo contrário, mas esta não parece ver as coisas da mesma maneira e reage mal quando Lucas revela o que sente. As discussões tornam-se habituais ao ponto de Lucas sair de casa. 
Apesar da aparente liberdade para agora fazer tudo o que quiser, Lucas só encontra porém solidão, até porque tudo o que sonhava fazer era ao lado da esposa. No meio dessa encruzilhada pessoal, Lucas encontra conforto na convivências com os amigos de sempre, com os quais viveu as emoções da juventude nos anos 80: Marcos, o eterno adolescente que se envolve com mulheres mais novas até que uma delas, Catarina, desperta sentimentos que ele julgava incapaz de sentir; Mateus, introvertido e algo taciturno, vive uma estranha mas intensa relação virtual nas redes sociais; e João, o mais objectivo e ponderado dos quatro, descobre uma nova oportunidade para o amor com Cristina, uma rapariga com um antigo trabalho controverso. O círculo de amigos é ainda composto por três mulheres da mesma geração: Joana, Luísa e Vanda, que oferecem e defendem o ponto de vista feminino nas conversas do grupo. Ao longo de um Verão vivido em conjunto, estes amigos discutem as memórias do passado, as incertezas do futuro, o amor, o sexo, a fragilidade das relações, os sonhos perdidos e os que estão ainda por cumprir. Mas só quando uma tragédia acontece é Lucas e os amigos saberão quais os rumos a seguir.

Sem dúvida que para mim o melhor do livro foram as conversas entre amigos, debatidas com sinceridade e profundidade. Embora o livro seja narrado pela perspectiva do Lucas, existem alguns capítulos na terceira pessoa que debruçam-se sobre os outros três amigos e foi interessante descobrir mais sobre a personalidade do João, do Marcos e do Mateus. 

No geral foi uma leitura agradável, com passagens interessantes. Mas gostei mais quando a escrita do autor era mais escorreita e directa ao assunto, porque por vezes tornava-se um pouco divagante e rebuscada demais e essas partes tornavam-se um pouco maçudas para mim. Mas gostei do livro e espero que este autor publique mais livros.